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Em um momento em que há quem defenda o “método fônico” na alfabetização, vale a pena conhecer a história êxitosa da educadora indígena Cláudia Baré. Cláudia Baré é pedagoga e leciona no Centro Municipal de Educação Escolar Indígena Wakenai Anumarehit, localizado no Parque das Tribos, em Manaus (AM), desde 2016.
A pedagoga iniciou seu trabalho na comunidade escolar como voluntária, ensinando português para crianças e adolescentes de etnias diversas. Conforme conta uma publicação do HuffPost Brasil, à época, a escola, nada tradicional, não tinha quadro negro, nem paredes e era feita de madeira e edificada com pinturas, desenhos, artesanatos e cartazes em Nheengatu, língua da família tupi-guarani que era falada no Brasil até cerca de 1730.
O Parque das Tribos, onde está a escola, é um bairro indígena de Manaus onde coexistem 38 etnias indígenas que falam línguas diferentes, mas todas derivadas do tupi-guarani. Em 2013, quando Cláudia começou a trabalhar no bairro, não havia escolas próximas.
“Via as crianças indígenas soltas, sem rumo. Precisava fazer algo por elas. Foi aí que criei o Centro Cultural para ensinar artesanato e português, do meu jeito”, conta.
A abordagem educativa de Cláudia foi usar o conhecimento dos alunos para alfabetizá-los. Nas atividades escolares, ela usava o que havia ao redor: frutos, sementes, raízes. Em cartazes, ela traduzia para o português as palavras indígenas que designavam aquilo que estava à disposição da comunidade.
Ou seja, sem saber, a educadora estava usado a proposta de Paulo Freire conhecida como “Círculo de Cultura”, a partir da qual os alfabetizandos, sob a orientação de um professor, utilizam como material de aprendizagem as suas vivências em comunidade.
Foi assim que Cláudia alfabetizou 40 crianças e adolescentes indígenas a ler e escrever. Ela, também, queria aprender mais e decidiu ir para a universidade.
Cursando Pedagogia na Universidade Estadual do Amazonas, Cláudia descobriu que não havia material didático específico para a educação indígena, o que a fez adaptar tudo o que havia vivenciado na prática para a sala de aula. Ela, que desejara ir para a faculdade aprender didática, acabou desenvolvendo uma própria.
Hoje, Cláudia é professora da Secretaria Municipal de Educação de Manaus e dá aulas na escola onde foi voluntária. Hoje, a escola conta com mais infraestrutura, mas o mais importante é a formação dessa professora que conhece a realidade indígena de dentro.
O trabalho de Cláudia Baré na Aldeia das Tribos, onde coordena um projeto com crianças oriundas de mais de 35 etnias diversas, em Manaus, passou a contar, em 2018, com o apoio da Heart of Living Yoga Foundation e da Floresta Zen.
Para mais informações e para ajudar esse projeto continuar crescendo, entre em contato inbox AQUI na página Dyamante – Terapias Alternativas no Facebook.
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Fonte foto: Iana Porto/especial para o HuffPost Brasil
Categorias: Informar-se, Povos da Floresta
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