Um santuário enorme de 200 milhões de hectares, capaz de proteger a fauna e garantir maior estabilidade climática. Este é o plano para a criação da maior área ambiental protegida do mundo, um verdadeiro corredor de vida, proposto pelos grupos indígenas da Amazônia por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre a Biodiversidade.
Dos Andes ao Atlântico, o parque seria o resultado de uma aliança entre as comunidades amazônicas em meio a uma das controvérsias ambientais e políticas mais importantes do mundo. A Colômbia já havia proposto um projeto semelhante relativo aos Andes, à Amazônia e ao Atlântico e planejava apresentá-lo em ocasião da COP24 que está acontecendo de 02 a 14 de dezembro em Katowice, na Polônia mas, as lideranças recém-eleitas, seja ali que no Brasil, colocam em dúvida aquilo que seria de grande importância para que a região sul-americana possa reduzir suas emissões de dióxido de carbono e ajudar a conter o aquecimento global.
Contudo, a aliança indígena que representa 500 etnias em nove países da Amazônia, assumiu as rédeas da situação ao propor um “corredor sagrado de vida e cultura” que teria o tamanho do México.
“Nós viemos da floresta e nos preocupamos com o que está acontecendo”, disse Tuntiak Katan, vice-presidente do Coica (Coordenador da Organização Indígena da Bacia do Rio Amazonas). “Este espaço é o último grande santuário do mundo para a biodiversidade. Ele está lá, porque estamos lá. Diferente de outros lugares que foram destruídos.”
A Coica foi fundada em 1984 em Lima, Peru, e coordena 9 organizações indígenas da Amazônia. A proposta é resultado de uma cúpula realizada em agosto passado com os líderes indígenas da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
A Amazônia, por muitos considerada como sendo os pulmões do planeta, é a maior e mais diversificada floresta tropical da Terra. Abriga mais da metade das espécies de plantas e animais do mundo. Alguns destes só são encontrados aqui. Um milhão de indígenas vivem lá, muitos deles em tribos isoladas.
Os líderes indígenas do Coica declararam que continuarão com o plano independentemente da situação política em mudança, e ainda que estejam buscando uma representação governamental na Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade e querendo se aliar com grupos indígenas e ONGs de outros países.
Mas o poder político deles é fraco e muitos temem que possam sofrer ataques violentos dos gigantes do agronegócio e da mineração.
Katan disse que o diálogo é o melhor caminho, mas algumas comunidades já estão se preparando para defender suas terras com a própria vida, se assim for necessário. Muitos temem que os novos líderes políticos possam destruir esse grande patrimônio natural. Menos terra será controlada por comunidades indígenas e florestais e mais estarão abertas aos interesses econômicos de poucos.
Esperamos que o parque possa se tornar uma realidade em breve, e que possa dar mais oxigênio ao mundo.
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