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A delicada região amazônica tem vários projetos que a colocam em risco. Resta-nos saber se ela pode estar mais ainda em vulnerabilidade nos próximos anos.
O isolamento dos povos indígenas da Amazônia é um fenômeno advindo da colonização, que foi responsável pela invasão de suas terras e pelo genocídio de suas populações.
Em recente evento no Rio de Janeiro, o renomado antropólogo Eduardo Viveiros de Castro explicou que, antes da chegada dos portugueses, “a América era um tecido contínuo de interações e não havia zona despovoada que pudesse servir de oceano para as ilhas humanas que hoje são os povos indígenas isolados”, divulga o .
A Fundação Nacional do Índio (Funai), em 2017, registrou 114 grupos indígenas que optaram pelo isolamento dos não indígenas e, até mesmo, dos demais índios.
As razões dessa escolha são variáveis, mas o fio comum é a violência que ameaça as populações indígenas, seja pelas ameaças e pelos assassinatos, seja pelas epidemias.
Um do Instituto Socioambiental (ISA) aponta que obras de infraestrutura têm colocado em risco os territórios indígenas e as suas populações. O estudo do ISA levantou 123 empreendimentos – como hidrelétricas, termelétricas, ferrovias, hidrovias e rodovias – em áreas protegidas onde habitam 58 povos isolados.
Um dos autores do estudo do ISA, Antonio Oviedo, vê com muita preocupação o que está acontecendo na Amazônia. Segundo ele, os povos indígenas estão em perigo porque a floresta, que organiza seus modos de existência, está caminhando para o desaparecimento.
O território mais ameaçado é o Parque Indígena Aripuanã (MT/RO), onde dois grupos isolados estão nas mãos de oito obras de infraestrutura, de madeireiros e exploradores de diamantes.
O estudo ainda revela que 35 hidrelétricas previstas para serem construídas na região amazônica afetariam diretamente 16 terras indígenas e 12 unidades de conservação. Existem, hoje, 3 registros de povos em isolamento sem qualquer proteção legal, já que habitam fazendas ou assentamentos desprotegidos da lei.
Esses projetos, que já estão em execução, dificilmente serão barrados pela nova gestão que assumirá em 2019, se nos fiarmos na declaração dos apoiadores do candidato eleito, Jair Bolsonaro, e das suas próprias.
Além de todo o impacto que essas obras de infraestrutura têm para o meio ambiente, elas acarretam fluxos migratórios que aumentam a grilagem, o desmatamento, o garimpo e a extração ilegal de madeira.
Se a Funai concluísse os processos dos registros dos povos em isolamento, principalmente daqueles que vivem em áreas desprotegidas, poderíamos ter um cenário mais otimista. Mas, pelo andar da carruagem, dificilmente isso sairá do papel, a não ser que haja muita resistência dos povos indígenas e de vários segmentos sociais para garantir que a Funai conclua os seus trabalhos de forma autônoma.
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Categorias: Informar-se, Povos da Floresta
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