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Milho Guarani, ou Avaxi Ete’i, é uma planta milenar, nativa e absolutamente natural, cultivada e protegida pelos indígenas Guarani M’bya nas aldeias Rio Branco e Aguapeú, em Itanhaém.
O milho guarani é cultivado pelos próprios indígenas, em cultivos agroecológicos, respeitando a natureza, seus ciclos e equilíbrio assim como as tradições espirituais milenares que pertencem ao sistema de crenças deste povo originário das Américas.
Para os guaranis o ato de guardar sementes de seus cultivos tradicionais tem a ver com a preservação de sua identidade cultural e étnica, uma forma de perpetuar a vida em toda sua sacralidade (veja mais neste trabalho “As Sementes de Milho na Cultura Guarani“).
Nas escolas indígenas, o milho guarani entra in natura ou na forma de farinha, para a produção de bolos, pamonha, beiju. Este é um alimento considerado sagrado pelos guaranis pois, segundo eles, “alimentar-se com avaxi ete’i tem poder curativo e fortalecedor do corpo e espírito“.
O milho cultivado pelos guaranis é dividido entre as necessidades da escola e das famílias. Um dos usos sagrados do avaxi ete’i (seu nome também pode ser grafado assim: avati ou abati etei é a preparação do ombojapé, alimento ritual usado no batismo das crianças – momento em que cada criança guarani recebe seu nome específico para a fase de idade em que está.
Para o ombojapé, as espigas são secas e defumadas. As famílias também podem plantar este milho em suas roças familiares, fortalecendo a soberania alimentar da comunidade.
O uso da milho guarani nas escolas é um projeto que envolve a Funai, a Secretaria Municipal de Educação e as aldeias de Itanhaém e Mongaguá, em um trabalho que visa a inclusão do produtor indígena e seu produto tradicional na alimentação escolar. Já vem acontecendo desde 2015 e se prevê que, em 2017, o cardápio com milho guarani seja ampliado para as demais escolas municipais.
Para nós, que escrevemos sobre sustentabilidade e meio ambiente, a importância de um projeto destes tem a ver com a proteção das sementes e ramas tradicionais, a garantia da soberania alimentar e a definição de políticas públicas indigenistas consequentes.
Como afirma Michel Iris, da Funai local, “os indígenas da nossa região, quando ficam sem sementes tradicionais, conseguem suas sementes em aldeias do sul e em países vizinhos como a Argentina e o Paraguai, mas o cultivo de milho transgênico e híbrido nessas regiões tem colocado cada vez mais em risco as sementes tradicionais indígenas, o que fez com que muitas variedades na sua forma pura já tenham desaparecido ou estejam em vias de desaparecer. Por essa razão é muito importante apoiar a estruturação de uma rede de guardiões de sementes e de ramas tradicionais, protegendo as variedades de milho, batata, amendoim e mandioca guarani”.
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