Sem água, sem tudo: incêndio consome 83% das terras do povo Guató. Como ajudar


O povo Guató é uma comunidade indígena de cerca de 80 famílias que vivem na TI Baia dos Guató, em Barão do Melgaço, no pantanal mato-grossense.

Sofrendo com as queimadas que faz arder em chamas tudo que encontra pela frente, os Guató tiveram 83% do seu território destruído pelos incêndios, sem precedentes, que atinge o Pantanal.

O fogo está consumindo a savana e a mata, que integram a paisagem local, porém próximo à comunidade, destrói a terra, a plantação, a moradia, e o povo sofre com a falta de água, luz, assistência médica precária, falta de medicamento, insumos e dificuldade de locomoção.

https://www.greenme.com.br/informarse/agricultura/47450-tragedia-pantanal-consumo-carne/

Falta tudo!

Sandra Guató, liderança indígena disse que eles estão “descobertos de tudo, esquecidos de tudo”.

Ela contou à reportagem da Folha que tudo em volta das casas na comunidade foi destruído pelo fogo e a vegetação às margens do rio Cuiabá, vem queimando há mais de 10 dias.

As famílias estão perdendo o pouco que têm, principalmente a terra e a água. O rio, além da seca, traz água contaminada com os detritos das queimadas, imprópria para consumo, o povo Guató se sente abandonado e, de fato, estão.

Eles sequer possuem um meio de locomoção para atravessar o rio até até a margem habitada. As plantações de mandioca e hortas, foram todas destruídas. Essa situação também ocorreu com outros povos indígenas e ribeirinhos do Pantanal.

Até o momento o povo Guató não recebeu a visita dos representantes da FUNAI para remediação, ainda que mínima, do grave problema. Somente brigadistas passaram um dia fazendo o aceiro do terreno mas não foi suficiente e eles também não puderam passar mais de um dia na comunidade, porque tiveram que atender outra região.

Muito pouco são os brigadistas do governo estadual e federal que estão atuando na região, isso sem falar dos voluntários.

Falta de água: corixo do Bebe

A água que o povo Guató está bebendo é pouca e suja. Eles usam o corixo do Bebe, um curso de água de confluência com o Rio Cuiabá, que percorre a mata do Bebe, serpenteando a região. Mas, em meio à pior seca em pelo menos duas décadas, o rio teve seu golpe fatal com o grande incêndio do Pantanal.

O corixo secou em vários locais e nos locais que ainda resta água, ela fica parada, empoçada e enlameada.

As pessoas estão disputando essas “poças” com os animais locais, principalmente os ferozes jacarés.

Antônia Oliveira, do povo Guató, fez um relato triste e assustador que reflete a situação urgente de seu povo:

“Estamos bebendo urina e bosta dos jacarés e das capivaras. Porque não tem outra água aqui perto. Nunca secou assim. Estou com o estômago ruim, ruim, mas não tem outra água. E com essa seca, você fica o dia inteiro bebendo. Já bateu diarreia, vomitação, dor de barriga, tudo”.

Por ironia do destino, à beira do rio Cuiabá, tem uma placa queimada pelos incêndios, anunciando uma obra de sistema de água na região, contratada em 2017 no valor de R$ 422.236,88 e nunca entregue.

É nessa situação que não se pode esquecer que essas pessoas estão sem atendimento médico, sem medicamentos e insumos, sem água que é primordial à vida e sem locomoção, a única forma de acesso é pelo rio.

Como ajudar o povo Guató

Para ajudar o povo Guató é possível fazer doação na sede da Federação dos Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso, FEPOIMT, situada na Rua Estevão de Mendonça, 1770, Quilombo. Cuiabá, MT, Brasil. Cep: 78043-405.

Para doar para a FEPOIMT, por transferência bancária, utilize a conta poupança:

Banco: Caixa Econômica Federal.

Agência: 0016

Conta: 00082342-1

OP: 013 (Conta Poupança)

CNPJ: 32.678.220/0001-65.

VAQUINHA ON LINE

Já no site vakinha.com.br, existe uma campanha para ajudar o povo Guató a comprar um barco, pois eles não possuem transporte adequado, sendo que uma viagem com duração média de 3 horas,  leva em média 5 horas. E esse é o único meio de transporte possível para a aldeia.

A ajuda é para adquirir um barco e insumos para comunidade.

Colabore com o povo Guató, povo indígena mais antigo do Pantanal.

Para doar no vakinha, acesse https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-o-povo-guato

Quer ajudar o Pantanal?

Conheça algumas instituições que ajudam a preservar o bioma do pantanal.

SOS PANTANAL

O Instituto SOS Pantanal depende de parcerias e doações para manter sua estrutura e conduzir suas atividades. Aqueles que contribuem, apoiam ações que visam a sustentabilidade social, ambiental e econômica da Bacia do Alto Paraguai, que abriga o Pantanal.

Para doar, acesse este link: https://www.sospantanal.org.br/doacoes

COMITIVA ESPERANÇA

A Comitiva Esperança leva alimentos, produtos de higiene e informação às comunidades carentes do Pantanal e do Cerrado de Mato Grosso do Sul.

Ajude clicando aqui: https://comitivaesperanca.com.br/doar/

INSTITUTO ACAIA

O Acaia Pantanal está presente no dia a dia da população ribeirinha, atuando junto às famílias e atores locais, conjugando educação e proteção social como meios de assegurar o desenvolvimento socioambiental da região.

Veja como ajudar clicando aqui. https://www.acaia.org.br/doacoes

INSTITUTO ARARA AZUL

A campanha “Adote um Ninho” visa apoiar as ações do Projeto Arara Azul no Pantanal, através das pesquisas e do monitoramento de ninhos naturais e artificiais.

Clique aqui para ir para o site: https://www.institutoararaazul.org.br/como-ajudar/

INSTITUTO ONÇAFARI

O Onçafari Forests tem como meta preservar áreas de interesse ecológico, garantindo abrigo e passagem para a fauna silvestre.

Saiba mais clicando aqui. https://oncafari.org/doe-agora/

WWF

O WWF trabalha para proteger espécies ameaçadas de extinção, conservar grandes áreas ambientais, impactar positivamente a vida das pessoas que vivem nelas. O Pantanal está entre as regiões de atuação da organização.

Veja como fazer a sua parte clicando aqui: https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/pantanal/faca_a_sua_parte/

INSTITUTO HOMEM PANTANEIRO

Você ou sua organização podem ser parceiros do IHP na missão de “preservar e conservar o Pantanal e sua história pelo fomento à geração de conhecimento para o desenvolvimento e a replicação de tecnologias ambientais inovadoras e exemplares”. Clique aqui e veja como: https://www.institutohomempantaneiro.org.br/contato

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Juliane Isler

Juliane Isler, advogada, especialista em Gestão Ambiental, palestrante e atuante na Defesa dos Direitos da Mulher.


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