Messias Kokama, o cacique indígena morre vítima de Covid-19 em Manaus


“Hoje, a pororoca do Solimões derrubou uma grande árvore”. Assim o Parque das Tribos se despediu de sua maior liderança, o cacique Messias Kokama, levado pela Covid-19.

Kokama tinha 53 anos e faleceu nessa quinta-feira (14), em Manaus. O velório, apesar das restrições impostas, estava cheio de indígenas que, usando máscaras, protestavam em cartazes que “vidas indígenas importam”, informa a Folha de S. Paulo.

A moradora do Parque das Tribos Vanda Witoto, durante o velório, homenageou o amigo:

“Foi um guerreiro que lutou até o último suspiro para proporcionar vida digna para seus parentes que vivem às margens dos igarapés de Manaus”.

Na despedida ao líder teve danças indígenas, músicas evangélicas, pregação e orações, visto que Kokama também era pastor da Igreja Pentecostal da Missão.

O cacique Kokama foi o primeiro morador do Parque das Tribos a morrer por causa da Covid-19. Ele começou a se sentir mal, mas evitou procurar um hospital com receio de contrair o vírus. Wanda conta que:

“No domingo, ele estava com dificuldade respiratória, e os filhos deles chamaram o Samu. Quando chegou, já estava com 54% de saturação, ou seja, não conseguia respirar”.

O Parque das Tribos é um dos poucos redutos urbanos em Manaus onde vivem indígenas. Estima-se que cerca de 30 mil deles vivem lá, em moradias precárias.

Witoto recorda que os povos indígenas são povos de luta:

“Para os povos indígenas, tudo é luta. Lutamos todos os dias, todos os anos por nossas vidas. A gente fala que são 520 anos de luta. É uma sociedade que nos renega, uma sociedade que nos torna invisíveis, nos menospreza. Esse vírus é só mais uma luta pros nossos povos, é só mais uma luta”.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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