Mais um ativista indígena foi assassinado na Costa Rica, em um conflito com moradores locais relacionado à disputa de terras. Segundo as informações publicadas pelo The Guardian, Yehry Rivera, de 45 anos, da comunidade de Brörán, em Térraba, foi morto a tiros por volta das 23 horas da última segunda-feira (24).
Rivera foi cercado por uma multidão armada com paus, facões, pedras e pelo menos uma arma de fogo. Trata-se do terceiro caso, em menos de um ano, de uma liderança indígena que é alvo de ataques na Costa Rica – um país que cultiva a fama internacional de ser o mais pacífico do continente. Imaginem se não fosse.
Há apenas duas semanas, Mainor Ortiz Delgado, de 29 anos, líder do povo Bribri, no vizinho Salitre, foi ferido em um ataque com armas de fogo. Outro caso ocorreu há menos de um ano, quando Sergio Rojas Ortiz, de 59 anos, foi morto a tiros. Ambos permanecem sem solução.
Na América Latina, a vida é particularmente difícil para os que lutam pelo meio ambiente, sobretudo para os indígenas envolvidos em disputas por demarcação de terras, pela garantia do acesso à água, pela manutenção de áreas de floresta e pela preservação da vida dos animais. Segundo dados da Mongabay, metade dos 164 ativistas assassinados em 2018 eram latino-americanos.
Como destaca o jornal italiano Corriere della Sera, entre 2002 e 2018, 1.613 pessoas foram assassinadas em 20 países diferentes. Na maioria deles, há altos níveis de corrupção e ilegalidade, aliados a poucas garantias no que se refere aos direitos fundamentais, segundo um estudo publicado na Nature Sustainability.
Diante das pressões internacionais por providências, o presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, condenou o assassinato no Twitter e confirmou que um homem havia sido detido. O chefe de estado tem alegado que não pode ser responsabilizado pela escalada de violência no país.
No entanto, há indícios de que um braço do Estado pode ter tido envolvimento com o ocorrido, ou pelo menos se omitido diante da violência. Segundo a reportagem publicada pelo The Guardian, a equipe do jornal britânico recebeu um vídeo com imagens do momento do crime e havia um carro da polícia estacionado no local.
Grettel Navas, indígena da etnia Bröran que trabalha no projeto ENVJustice, documentando conflitos ambientais e fundiários em todo o mundo, manifestou-se sobre o crime:
“A Costa Rica desfruta de uma imagem internacional de um país pacífico, mas essa paz não está abarcando a todos da mesma forma. Grupos indígenas são vítimas de violência, discriminação e racismo em suas próprias terras, e são vítimas da inação do governo”, declarou.
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Fonte foto: Corriere della Sera
Categorias: Informar-se, Povos da Floresta
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