Há muita cortina de fumaça atrapalhando que vejamos o que está acontecendo com os povos indígenas brasileiros.
Um jovem de apenas 15 anos, da etnia Guajajara, morador da Terra Indígena (TI) Arariboia, foi assassinado a facadas em Amarante, no Maranhão. Em 50 dias, ele é o quarto Guajajara morto na região, informa o jornal alemão DW.
O assassinato foi confirmado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e pela Polícia Civil nessa sexta-feira (13/12). O corpo do jovem indígena, chamado Erisvan Soares Guajajara, foi encontrado em um campo de futebol, marcado por golpes de faca. Ainda não há suspeitos da autoria do crime.
Segundo informado pela imprensa local, o crime teria ocorrido durante uma festa na noite de quinta-feira. Ao lado do corpo de Erisvan, havia um outro, de uma vítima não indígena. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que ambos se desentenderam e que “a situação tenha se originado de uma briga entre ele e o outro rapaz”, reporta O Globo. Para o órgão de investigação, a morte de Erisvan não estaria relacionada aos recentes assassinatos de indígenas Guajajara.
A Funai endossou a linha da Polícia Civil, em nota:
“segundo a polícia, estão descartadas todas as motivações de crime de ódio, disputa por madeira ou por terras”.
Entretanto, o Cimi divulgou um depoimento do irmão da vítima, Luiz Carlos Guajajara, de que o Erisvan era um jovem tranquilo, que vivia na aldeia e, raramente, ia à cidade.
As primeiras informações sobre o crime foram ambíguas e contraditórias. A Polícia Militar e a Funai identificaram o corpo como sendo de Dorivan Soares Guajajara, de 28 anos. A Polícia Militar, de acordo com o G1, teria dito que o crime estaria relacionado ao envolvimento de Dorivan com o tráfico de drogas.
O coordenador do Cimi no Maranhão, Gilderlan Rodrigues, criticou tanto a PM quanto a Funai de anteciparem o resultado das investigações sobre “um crime com requintes de crueldade”. A nota da Funai que descarta a morte de Erisvan como não sendo um crime de ódio também foi alvo da crítica de Rodrigues:
“É lamentável porque parece uma isenção, como se o órgão não tivesse a ver com o fato. Há uma sequência de violência afligindo o povo Guajajara, e a Funai deveria olhar para isso”.
Desde novembro, quatro indígenas Guajajara foram mortos no Maranhão. Há uma semana, Firmino Prexede Guajajara e Raimundo Benício Guajajara sofreram um atentado a tiros quando saíam de uma reunião entre caciques e a empresa Eletronorte.
No início de novembro, o líder Paulo Paulino Guajajara, conhecido como um dos “guardiões da floresta”, também foi assassinado na Terra Indígena Arariboia, a 100 de Amarante, enquanto caçava.
A sucessão de assassinatos em tão pouco tempo havia feito o ministro da Justiça, Sérgio Moro, a autorizar o envio de agentes da Força Nacional para garantir a segurança de indígenas e servidores da Funai. Entretanto, a TI Arariboia não foi contemplada pela medida.
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