A maior praga ambiental do planeta, o plástico, está não apenas poluindo solo, água e ar, matando e contaminando animais e humanos, como também está alterando os cenários naturais da Terra.
Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e de outras instituições brasileiras, encontraram novos dados que comprovam que o homem está atuando também como agente geológico e mudando a paisagem da Terra, por meio da poluição marinha causada por lixo plástico na maioria das vezes.
Trindade que surgiu há aproximadamente 3 milhões de anos depois de uma série de explosões vulcânicas, possui rochas idênticas às naturais mas compostas por plástico . É o que demonstraram os estudos feitos no Parcel das Tartarugas, região da Ilha da Trindade, que fica a 1.140 quilômetros de Vitória (Espírito Santo).
A área, conhecida como Amazônia Azul, é uma reserva marinha e uma Unidade de Monumento Natural Brasileiro. Trata-se de um ecossistema frágil e único, porque abriga espécies endêmicas, e muito rico em minerais.
A descoberta se deu durante atividades de mapeamento geológico na Ilha, por Fernanda Avelar Santos, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFPR:
“Identificamos quatro tipos de formas de detritos plásticos, distintos em composição e aparência. Os depósitos plásticos na plataforma litorânea recobriam rochas vulcânicas; sedimentos da atual praia compostos por cascalhos e areias; e rochas praiais com superfície irregular devido à erosão hidrodinâmica”, descreve a pesquisadora.
As rochas formadas por plástico em Trindade têm, no máximo, duas décadas de existência. Ou seja, o que a Terra leva bilhões anos para construir, o homem precisou de menos de dois séculos para modificar.
“Ao longo do tempo geológico, os principais agentes transformadores dos registros da Terra eram naturais. Por exemplo, processos tectônicos e mudanças climáticas. No entanto, a ação humana nos tempos atuais está tão penetrante que está modificando o planeta de forma mais acelerada do que os processos naturais”, explica a autora principal do artigo, que exemplifica: “ao destruirmos montanhas para exploração mineral ou realizarmos a construção de estradas, em semanas ou poucos anos essa montanha pode ser aplainada. Em um contexto de erosão natural, esse processo levaria milhares ou milhões de anos”.
É o Antropoceno, a era do aparecimento do homem na Terra e as profundas consequências que este causou, não economizou nem as estruturas geológicas.
E pasmem, não é primeira vez que pesquisadores identificam rochas formadas por plástico. No Havaí, em 2014, foram relatados pela primeira vez plastiglomerados análogos às rochas sedimentares.
Leia AQUI o Comunicado sobre esse estudo, publicado pela UFPR.
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Categorias: Lixo
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