Desde o início da pandemia, iniciou-se um debate sobre o aumento do lixo tóxico que vem sendo produzido e o problema do seu descarte. Países da Ásia são os grandes receptores do lixo produzido no mundo, mas, desde que a China decidiu fechar as suas portas para o lixo mundial, ele precisou atracar em outros portos. E um deles é o Brasil.
A Carta Capital publicou uma matéria sobre a importação clandestina de lixo que chega aos portos brasileiros em contêineres repletos de material hospitalar usado e dejetos humanos.
O Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul concluiu, em fevereiro deste ano, um acordo para solucionar o problema da importação de lixo tóxico no Brasil. O procurador Daniel Luís Dalberto conta que chegaram ao Porto de Rio Grande, entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020, 65 contêineres vindos do Porto de Everglades, em Fort Lauderdale (EUA), contendo, supostamente restos de alimentos, frutas, pequenas peças e objetos frágeis. No desembarque, como de praxe, o material foi vistoriado. Mas a análise dos produtos revelou que o lixo havia sido recolhido em shoppings, escolas, supermercados e hospitais de diversos estados da Costa Leste dos EUA.
O material “continha insetos e organismos vivos em razão dos detritos orgânicos”, motivo pelo qual a importadora foi obrigada a dedetizar a carga antes de os contêineres serem abertos. O procurador conta que os empresários americanos alegaram serem vítimas da situação e o material foi devolvido aos Estados Unidos.
A chefe da Unidade Técnica do Ibama em Santos, onde funciona o maior porto comercial brasileiro, Ana Angélica Alabarce, explicou à Carta Capital que o Brasil está sendo alvo do contrabando de lixo tóxico, principalmente, de lixo eletrônico. O aumento da produção do lixo é resultado do elevado consumo das sociedades. Com o fechamento das fronteiras da China para os resíduos, o mercado clandestino cresceu e buscou novos países, entre eles, o Brasil.
A gestão da enorme quantidade de lixo produzida pelo mundo todo é complicada e urgente. No debate, há quem defenda a ideia de que cada país deve ser responsável pelo lixo que produz. Já outros argumentam que a livre circulação de mercadorias (e o lixo é uma delas) é típico da economia globalizada.
Enfim, o problema parece não ter fim, assim como o lixo que está sendo produzido e descartado sem regulação. O jornalista Diniz Júnior alerta, ainda, para uma outra questão:
“O que se deve combater é o tráfico ilegal de resíduos, as máfias que dominam esse comércio, para não transformar os países pobres em verdadeiros lixões”.
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Categorias: Lixo
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