Poucos já conseguiram escalar o Everest, a montanha de maior altitude do mundo, cujo pico está a 8.848 metros acima do nível do mar, nas cordilheiras do Himalaia. E nem mesmo esse lugar remoto da Terra está a salvo do lixo do lixo humano.
Muitos alpinistas sonham em escalar a montanha, mas é preciso anos de dedicação, os quais muitas vezes não garantem executar o objetivo, haja vista a dificuldade de superar todos os obstáculos que o Everest naturalmente tem. Apenas 5.200 pessoas já conseguiram chegar ao ponto mais alto da montanha, um esforço que exige perícia, investimento financeiro, resistência psicológica e física.
Logo, como uma montanha de tão difícil acesso pode estar, hoje, repleta de lixo? Por incrível que pareça, os próprios alpinistas que tentam escalá-la deixam detritos por onde passam, causando problemas sanitários para o Nepal.
Segundo o jornal Expresso, já não é mais preciso um mapa para se alcançar o topo do Everest, já que o lixo encontrado pelo trajeto seria como as migalhas deixadas por João e Maria.
Cada vez mais pessoas têm se preparado para a escalada, que coloca em questão o problema da produção de lixo em um lugar quase intocado. Em 2019, a previsão é de que cerca de 800 pessoas tentem escalar o Everest e, portanto, produzam lixo durante o trajeto.
A associação de montanhismo e o departamento de turismo do Nepal, preocupados com todo esse lixo que tem sido depositado no Everest, organizaram equipes de voluntários para retirarem 10 toneladas de lixo até 29 de maio, quando se comemora o 66º aniversário da primeira subida ao pico da montanha. De acordo com Ang Tshering, ex-presidente da associação de montanhismo do Nepal:
”Nem sei quem são, há tantos grupos a fazer limpeza. Estou espantada por ver tantas pessoas comuns, organizações não governamentais e militares a fazer recolha”.
Até o momento, já foram recolhidas 3 toneladas de lixo, mas um outro problema a ser enfrentado é que há 30 toneladas de lixo se espalhando rapidamente, sendo a maioria dejetos humanos. Estima-se que cada alpinista produza durante os dois meses de duração do trajeto cerca de 27 quilos de excrementos. Boa parte desse montante se congela, logo, não se decompõe, podendo causar doenças.
Alternativas para transformar esses dejetos em fertilizantes ou gás metano têm sido estudadas. Seria preciso um tanque de água e bactérias desencadeadoras do processo de produção do gás.
Além de excrementos, uma parcela do lixo é composta de material não degradável, como barracas danificadas, plásticos, restos de material de montanhismo e garrafas de oxigênio – boa parte já transportada pelo Exército do Nepal para Catmandu, capital do país.
Não bastasse todo esse lixo, algo ainda mais chocante tem sido encontrado: cadáveres. Muitos alpinistas não conseguem chegar ao ponto final e morrem no meio do caminho ou não sobrevivem à descida. Em 2017, foram encontrados sete corpos e, desde que se começaram as escaladas na montanha, já foram registradas 3030 mortes.
Uma solução imediata que está sendo proposta pelo governo do Nepal é a aplicação de uma multa no valor de 3500 euros para os alpinistas que não regressarem com pelo menos oito quilos de lixo.
Enquanto isso vamos espalhando essa ideia: onde quer que você vá, deixe pra trás apenas boas recordações, não lixo! Faça bem à Terra!
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