Sacolinhas plásticas nos supermercados, você é a favor ou não?


Desde o surgimento das sacolas de plástico, em 1950, até hoje, as sacolinhas já protagonizaram várias histórias. Em seu surgimento elas eram símbolo de modernidade e status entre as donas-de-casa mas, com o passar do tempo, as sacolas de plástico passaram de “mocinhas” para “vilãs”. O meio ambiente entrou na história e o que antes era símbolo de status virou apenas um problema mundial.

São consumidas entre 500 bilhões a 1 trilhão de sacolas plásticas no mundo. No Brasil, cerca de 1,5 milhão de sacolinhas são distribuídas por hora e esse exagero custa caro ao ambiente: para sua produção são consumidos petróleo ou gás natural (recursos naturais não renováveis), água e energia, além de serem liberados efluentes e gases tóxicos que contribuem para o efeito estufa. Depois de usadas, muitas são descartadas de maneira incorreta o que aumenta a poluição, ajuda a entupir bueiros e acabam nas matas, rios e oceanos podendo ser ingeridas por animais, e pouquíssimas acabam recicladas.

Devido a tantos males, o uso das sacolas plásticas virou debate mundial e sua utilidade foi colocada à prova: substituí-las ou não?

Alguns países escolheram adotar medidas para reduzir o consumo do plástico, por exemplo, na Irlanda foi instituída a cobrança de 0,22 euro por saco plástico utilizado, de 2002 até hoje consumo caiu em 97%, atualmente a Irlanda usa anualmente 20 sacolas por habitante sendo 18 delas descartáveis. A China se posicionou em 2008, quando proibiu a distribuição gratuita das sacolas, Austrália e São Francisco também obtiveram bons resultados na luta pela diminuição dos sacos plásticos. A União Europeia começou, em março deste ano, a implementar medidas mais intensas para coibir o uso das sacolas plásticas, o objetivo é reduzir 80% do consumo atual.

Enquanto isso no Brasil…

O país não se posicionou, mas alguns estados e cidades sim. Em 2012 São Paulo viveu a saga da sacolinha. A proposta era a seguinte: substituir a sacola plástica tradicional por uma biodegradável que seria vendida por um valor especifico, na tentativa de desestimular o uso. E em 25 de janeiro de 2012 os supermercados paulistas, tiveram que se adequar à lei 15.374 sancionada pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, e deixaram de distribuir gratuitamente as sacolinhas para seus clientes. Como opção, passaram a fornecer caixas de papelão e a vender as sacolas biodegradáveis e ecobags – sacolas de pano. Porém em fevereiro, foi assinado um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta, que obrigou os supermercados a fornecerem sacolas biodegradáveis gratuitamente durante dois meses para que os consumidores se acostumassem com o novo hábito.

No dia 4 de abril as sacolas biodegradáveis voltaram a ser vendidas. E em junho, do mesmo ano, o Ministério Público colocou o fim para a saga das sacolinhas, e os estabelecimentos tiveram de voltar a distribuí-las gratuitamente em cumprimento ao Código de Defesa do Consumidor. Após várias idas e vindas na história das sacolinhas a Associação Paulistas de Supermercados resolveu voltar a distribuir as sacolas plásticas com sobre o problema do plástico para o meio ambiente.

Em Belo Horizonte e Jundiaí, a história teve mais sucesso e menos dor de cabeça para os clientes e para os supermercados. Porém a proposta também não durou. Atualmente, ambas as cidades, voltaram a fornecer sacolas plásticas biodegradáveis gratuitamente.

No meio dessa novela chamada sacolinhas plásticas, surgiram campanhas como “Saco é um Saco” e “Vamos tirar o planeta do sufoco” que contribuíram com a diminuição do uso dos sacos plásticos a partir da conscientização. Porém as sacolinhas continuam circulando por aí, exageradamente, e a troca da sacola convencional pela biodegradável não muda positivamente o panorama atual, já que a biodegradação e compostagem só ocorrem em condições adequadas de temperatura, umidade, luz e microrganismos suficientes, que não são encontradas em lixões a céu aberto – destino comum do lixo aqui no Brasil- ou em aterros sanitários.

Além disso as condições oferecidas nesses destinos finais propiciam uma biodegradação anaeróbica gerando gás metano (gás que contribui 20 vezes mais para o efeito estufa que o CO2). O IPT analisou a degradação de várias sacolas (de papel, plásticas, biodegradáveis e convencionais) e infelizmente, biodegradáveis ou não, as sacolas não apresentam fácil biodegradação e não serão rapidamente degradadas na natureza. Sendo assim, a melhor escolha ainda é utilizar sua ecobag e recusar as sacolas, sendo elas biodegradáveis ou não.

Apontar só a sacolinha como vilã é um ato a fim de retirar a culpa das nossas ações. É preciso considerar que o uso das sacolas plásticas está diretamente ligado ao consumo e, principalmente, ao consumismo. Se a redução das sacolinhas podem contribuir na luta contra a poluição e degradação ambiental, talvez seja válido considerar que além delas, há inúmeras outras embalagens poluentes que são passíveis de reciclagem e substituições, por exemplo: você já pensou em levar o seu próprio pote para comprar frios, grãos e outros produtos?

A conscientização do consumidor em contribuir com o problema dos plásticos no ambiente, redução dos lixos, coleta seletiva e reciclagem é crucial para mudar o problema que vivemos hoje.

Fonte foto: freeimages.com




Redação greenMe

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