Pesquisadores da Escola Politécnica da USP testam formas de recuperar metais presentes nas Placas de Circuito Impresso (PCI) – que são as partes responsáveis pelo trânsito de impulsos elétricos, seja em celulares, em computadores, em tablets e em determinados modelos de fornos de micro-ondas, carros e até brinquedos.
Placas de eletrônicos costumam apresentar 30% de cerâmica, 40% de metais e 30% de polímeros, ou plásticos. E quando falamos em metais, há estanho, cobre, ferro, zinco e até ouro e prata.
O cobre, que tem alto valor comercial, foi um dos elementos escolhidos para receber o processo hidrometalúrgico – cuja extração se dá por lixiviação, ou dissolução em meio líquido – em combinação a ondas de ultrassom, ou sonoquímica. Isto faz com que o cobre fique mais fino e a lixiviação ocorra mais rapidamente.
Pela dificuldade do descarte e reciclagem corretos, a questão da eliminação sustentável de PCI continua sendo um desafio. Mas é importante que seja conhecida uma forma de se eliminá-lo adequadamente, por sua carga de substâncias extremamente tóxicas, não só ao homem, mas à natureza em geral. O custo da reciclagem desse tipo de componente consome energia em larga escala e emissão de gases.
No Brasil, não há empresas de recuperação do cobre presente em PCIs. As europeias para fazê-lo, recorrem a dois processos: hidro e pirometalurgia. A última envolve queima ou pirólise, que exclui mais facilmente os polímeros; contudo, é grande consumidora de energia e precisa reunir muito material para, de fato, valer a pena. A busca dos pesquisadores paulistas se dá para que o processo se torne totalmente hidrometalúrgico, muito menos poluente.
Em outra experiência, os especialistas buscam utilizar a sonoquímica para acelerar a lixiviação, dando eficiência ao processo.
Esse estudo de reciclagem e recuperação de PCI já vem sendo feito há mais de duas décadas, com a preocupação em dar uma destinação correta aos componentes, o que está longe de ocorrer no país, ainda.
Além disso, seria um importante passo para a adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelecida em 2010. O Brasil chega a exportar suas placas, para os países que as recuperam.
Na Europa, há inclusive a RoHS – Reduction of Hazardous Substances – , ou Redução de Substâncias Tóxicas – que elimina ao máximo a concentração de certas substâncias em eletroeletrônicos. A USP tem trabalhado com materiais já adequados à essa política.
Há ainda pesquisas de reciclagem do elemento índio, que é componente de telas de LCD e LED. Há uma lacuna na recuperação desses elementos sob a forma de metal, apenas em vidros e polímeros, o índio é tratado corretamente.
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Fonte foto: freeimages.com
Categorias: Informar-se, Lixo
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