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O plástico é a praga da Terra que está superando nossa capacidade de gerenciar a nociva poluição causada por ele. Os plásticos descartáveis, especialmente aqueles usados em embalagens de alimentos para viagem, são os principais poluentes ambientais, sendo comumente encontrados em estudos e campanhas de monitoramento de resíduos. Eles representam uma ameaça significativa para os ecossistemas globais, ultrapassando os limites considerados seguros para o nosso planeta.
©Olof Lönnehed/University of Gothenburg
Mudar de plásticos convencionais para alternativas mais sustentáveis, como produtos de papel, surge como uma solução promissora para os desafios associados aos plásticos. No entanto, é essencial entender melhor as implicações ambientais e de saúde dessas mudanças. Neste contexto, um estudo se propôs a comparar a toxicidade de copos e tampas de plástico tradicionais com copos de papel, considerando sua potencial contribuição para a mitigação dos problemas causados pelos plásticos.
Para fazer isso, os pesquisadores realizaram experimentos de lixiviação sob diversas condições diferentes, testando as toxicidades agudas e crônicas nos mosquitos da espécie Chironomus riparius. Estes invertebrados aquáticos são espécies modelo habitualmente utilizadas em testes de toxicidade e representam um grupo de organismos ecologicamente importante, pois são sensíveis a exposições a plásticos, bem como a produtos químicos.
O estudo, publicado da Environmental Pollution, investigou os possíveis impactos ambientais de copos e tampas de take-away, feitos de plástico ou papel, usados para bebidas quentes e frias. Os pesquisadores examinaram a liberação de substâncias a partir de copos de plástico (polipropileno), tampas (poliestireno) e copos de papel (revestidos com ácido polilático) em condições que simulavam a lixiviação no ambiente. Esses itens foram deixados em sedimentos e água doce por até quatro semanas, e a toxicidade da água e dos sedimentos contaminados foi avaliada separadamente.
Utilizando como modelo o inseto aquático Chironomus riparius, os pesquisadores analisaram vários indicadores de toxicidade em estágios larvais e na fase adulta. Eles observaram uma inibição significativa do crescimento, atrasos no desenvolvimento e efeitos teratogênicos, como deformidades no aparelho bucal, em larvas expostas a lixiviados de diferentes materiais.
Esses efeitos adversos começaram a ser observados após apenas uma semana de lixiviação em condições ambientais e se intensificaram com o tempo de exposição. Além disso, os sedimentos contaminados apresentaram maior impacto, sugerindo que organismos bênticos estão particularmente em risco.
O ácido polilático, PLA, é um tipo de bioplástico usado em uma ampla variedade de recipientes de alimentos. Esta película plástica, que protege o papel dos líquidos, é feita com materiais naturais como milho, mandioca ou cana-de-açúcar, e não a partir de combustíveis fósseis, como é o caso de 99% dos plásticos.
O PLA é considerado biodegradável, o que significa que sob certas condições se decompõe mais rapidamente que o plástico, levando-nos a supor que a sua utilização mais ampla pode prestar um bom serviço ao ambiente. Mas não é exatamente esse o caso.
“Os bioplásticos – afirma Bethanie Carney Almroth, professora de ciências ambientais do Departamento de Biologia e Ciências Ambientais da Universidade de Gotemburgo, na Suécia – não se decompõem eficazmente quando acabam no ambiente, na água. Portanto, pode haver um risco de que os bioplásticos permaneçam na natureza e que os microplásticos resultantes possam ser ingeridos por animais e humanos, tal como fazem outros plásticos”. Em outras palavras, explica Carney Almroth, os bioplásticos “contêm pelo menos tantos produtos químicos como os plásticos convencionais”.
Os resultados do estudo revelam que os copos de papel podem ser tão tóxicos quanto os de plástico. Não basta substituir um material (ou seja, plástico por papel), e pensar que estamos resolvendo uma questão ambiental simples. O que os pesquisadores sugerem é a redução do consumo e da utilização de produtos descartáveis em geral.
Fontes:
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Categorias: Lixo
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