Uma carta aberta de cerca de 40 empresas britânicas, incluindo redes de supermercado, ameaça deixar de comprar produtos brasileiros caso o Projeto de Lei nº510/2021 seja aprovado pelo Congresso.
O PL abre a possibilidade de terras públicas desmatadas ilegalmente se tornarem propriedade dos desmatadores, e poderá ser aprovado ainda este mês, após o presidente Jair Bolsonaro ter se comprometido na Cúpula do Clima a acabar com o desmatamento ilegal no Brasil até 2030.
Segundo a BBC, o grupo do setor varejista do Reino Unido pede, na carta, aos congressistas brasileiros que rejeitem o PL, que basicamente permite a posse daqueles que desmatarem ilegalmente terras públicas, sob o argumento de que as terras da União seriam “regularizadas”.
As empresas britânicas argumentam que “consideram a Amazônia como parte vital do sistema terrestre que é essencial para a segurança do nosso planeta, e também como parte central para o futuro próspero dos brasileiros e de toda a sociedade”.
Como é sabido, o nível de desmatamento na Amazônia é o maior desde 2008 sob a presidência de Bolsonaro.
Os europeus estão fazendo pressão sobre o Brasil. Em abril, 40 parlamentares alemães também se somaram ao coro de defesa da Amazônia ao enviarem ao Congresso brasileiro uma outra carta pedindo que o PL 510/2001 e outros projetos de lei sejam desconsiderados, porque prejudicariam ainda mais o desmatamento na floresta amazônica e os povos indígenas brasileiros.
As empresas britânicas disseram que “continua aberta a porta para trabalhar com parceiros brasileiros” para desenvolver práticas de manejo sustentável das terras no país. Entretanto, caso o PL seja aprovado, elas ameaçam “reconsiderar o apoio e uso da cadeia de suprimentos de commodities agrícolas brasileiras”.
O Brasil não pode se dar ao luxo de perder a parceria comercial com o Reino Unido, que, em 2018, importou quase 240 milhões de libras em soja (aproximadamente, R$ 1,2 bilhão) do país – equivalente a cerca de 30% da importação média anual do produto, da qual apenas 14% têm certificação de “desmatamento zero”, uma das menores taxas da União Europeia.
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Categorias: Green Economy
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