Banco do bem: você investe o seu dinheiro contribuindo para projetos sustentáveis


O motivo de existir das instituições bancárias é o lucro. Enquanto nós “guardamos” o nosso dinheiro em um banco, este o faz girar na roda do mercado financeiro em benefício próprio.

Parece impossível imaginar um mundo sem especulação financeira. O estágio atual do capitalismo é responsável por inúmeras crises e problemas, como a desigualdade social e até mesmo a pandemia do novo coronavírus.

Haveria alternativas à especulação financeira? Seria possível um tipo de banco que se edificasse sobre valores éticos?

Salve-se quem puder

Se pensarmos na crise de 2008, os bancos todos foram salvos e quem pagou a conta foi a população mundial, que se viu mais empobrecida. Os países todos saíram em socorro dos bancos naquele momento e, hoje, no meio da pandemia, vemos governantes querendo seguir esse modelo de salvar a economia no lugar de salvar vidas.

Não interessa aos rentistas do mundo projetos que agreguem aquilo que Michael Löwy chama de ecossocialismo. Todavia, iniciativas têm surgido para mostrar que, sim, é possível pensarmos e agirmos para a construção de outras formas de vida.

Banco ético e sustentável

É o que fez o economista e ex-banqueiro Eduardo Moreira ao anunciar em uma live, no dia 16 de maio, seu mais novo projeto: o Finapop, um banco cujos investidores têm a garantia de que o seu dinheiro irá ser investido em projetos sustentáveis. Os investimentos serão destinados para apoiar a agricultura familiar e empreendimentos sustentáveis.

A iniciativa foi inspirada no Triodos Bank, um banco da Catalúnia (Espanha) cuja missão é ser um banco ético e sustentável que faz o dinheiro girar para promover mudanças sociais, culturais e ambientais. O banco, que apenas investe em empresas sustentáveis e não usa capital especulativo, utiliza o dinheiro aportado por seus correntistas e investidores.

No Brasil, o Finapop está registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os investidores têm como garantia, na primeira operação, um retorno pré-fixado de 5.5% ao ano (livre de IR), um rendimento bastante similar ao oferecido pelo Tesouro Direto pré-fixado com vencimento em 6 anos.

Nessa primeira operação, o Finapop emite um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) no valor de R$ 1 milhão com o objetivo de financiar a ampliação do parque industrial da COOPAN, que é a maior produtora de arroz orgânico da América Latina – um empreendimento cuja gestão é feita totalmente por assentados do Movimento Sem Terra (MST).

O Finapop não é apenas um banco que usa dinheiro de forma ética: ele pode ser responsável por promover uma verdadeira mudança fundiária e econômica no Brasil através de um banco popular.

Para mais informações, veja aqui a teleconferência na qual Moreira anuncia o projeto.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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