O látex orgânico produzido com técnica indígena que gera renda à famílias do Pará


Nada poderia ser mais atrasado do que afirmar que os saberes ancestrais são coisa do passado, como o demonstra um grupo de famílias da região amazônica de Castanhal, no Pará. Eles encontraram uma forma de gerar renda a partir da produção de látex orgânico, combinando uma técnica indígena tradicional com o conhecimento científico industrial.

Encauchados

A nova maneira de fazer borracha se chama encauchados de vegetais da Amazônia, como contou à Rádio Nacional o pesquisador e idealizador da metodologia, Francisco Samonek.

Trata-se de uma técnica de desidratação do látex usada por comunidades indígenas do passado, aliada a tecnologias industriais ‘desconstruídas’.

“A gente teve que buscar na indústria como se processa a borracha, refazer esse processo de industrialização, para que ele pudesse ser replicado de forma artesanal nas comunidades e fosse acessível ao produtor na base.”

Técnica ancestral

Segundo o pesquisador, os relatos históricos mostram que a técnica tinha várias finalidades cotidianas entre os indígenas nos séculos XVI e XVII, como a impermeabilização de tendas e a confecção de vasos, pratos, roupas e calçados.

A durabilidade do material, no entanto, não era uma questão para os nossos antepassados, que podiam se dedicar à manutenção dos artefatos de tempos em tempos, lançando mão da matéria prima bastante disponível.

É aí que entra o conhecimento industrial nos dias atuais, possibilitando que os produtos confeccionados sejam bem mais resistentes.

“Com essa técnica de desidratação, estamos no mercado fabricando desde tecidos emborrachados que servem para fazer uma série de produtos têxteis, com fabricação de bolsas, mochilas”, explicou o pesquisador.

Desenvolvimento sustentável

Em meio à crise ambiental que vivemos, as famílias do Pará dão a pista de um futuro mais justo e sustentável, mostrando que é possível empregar o conhecimento científico contemplando os saberes tradicionais, bem como estimular o desenvolvimento econômico a partir da geração de renda para as populações locais, compreendendo o valor da produção artesanal nesse processo.

Isso é desenvolvimento sustentável!

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Fonte foto: Fuchic




Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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