O quadro de produção nas maiores empresas de telefonia do mundo, como Sony, Apple e Samsung, é pouco animador no que diz respeito à ética e à sustentabilidade. Segundo um relatório divulgado pela Amnesty International, vários componentes dos aparelhos celulares seriam produzidos a partir de trabalho infantil.
O relatório acrescenta que 50% do cobalto empregado no mundo, matéria-prima das baterias de celular, é extraído no Congo. Em áreas de conflito como esta, o trabalho costuma exceder 12 horas por dia e envolver altos riscos de acidentes fatais e doenças por exposição às minas.
Embora tais empresas neguem o envolvimento qualquer tipo de exploração infantil, a UNICEF aponta o expressivo número de 40.000 crianças trabalhando no Congo. Os consumidores mais conscientes acabam ansiando por alternativas para não apoiar o trabalho escravo. Algumas empresas de peso, como a Intel, estão se dedicando a eliminar o risco de envolver crianças em sua cadeia produtiva, o que representa um grande avanço.
A novidade mais promissora, porém, foi anunciada pela empresa holandesa Fairphone. Fundada por Bas van Abel, a companhia investe em sustentabilidade durante todo o processo de produção. O site da Fairphone já explicita a diferença abismal entre sua mentalidade e aquela denunciada pela Amnesty International. Em termos de mineração de componentes, a empresa faz questão de afirmar que deseja colaborar com economias locais, em vez de sucumbir às milícias armadas das áreas de conflito.
As boas notícias não param por aí. A observação da ética nas relações trabalhistas se mantém na própria fábrica, por meio de garantias de salários justos e organização de um sindicato de representação dos funcionários. Não menos importante, o planejamento dos produtos contempla todo o ciclo de vida do aparelho, o que inclui o uso, a reutilização e a reciclagem segura de materiais.
O lançamento do Fairphone 2 ocorreu em Londres. A demonstração na feira envolveu um homem soltando o aparelho no chão, recolhendo-o em seguida para conferir os efeitos da queda. O bom estado do modelo depois da experiência gerou alívio na plateia. Isso porque o investimento em sustentabilidade deu certo. Os 65% de material reciclado que compõe o celular foram uma boa pedida para evitar as rachaduras comuns em Smartphones.
A empresa está em franca evolução. Enquanto seu primeiro modelo foi, na verdade, uma adaptação de um celular comum, o segundo partiu do zero. Sua tela está maior e mais responsiva aos toques. Alguns consumidores afirmam também que o uso das funções se tornou muito mais intuitivo. Além disso, como a demonstração no leste de Londres comprovou, a tela é muito mais resistente do que a maioria dos modelos comuns.
Para a maioria dos avaliadores, porém, os benefícios dos aparelhos da Fairphone ultrapassam a praticidade do celular ou a sustentabilidade do processo de produção. O pioneirismo da marca pode inspirar os concorrentes a concentrar os esforços na erradicação do problema da mão de obra infantil, bem como combater o trabalho escravo em regiões de conflito.
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Fonte foto: wikipedia
Categorias: Green Economy, Informar-se
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