Cada região do Brasil tem seus produtos artesanais típicos, feitos com materiais que os nativos, indígenas, caboclos, caiçaras, recolhem das matas. São pratos, gamelas, colheres de madeira que, antigamente eram usadas pela comunidade no seu dia a dia e que hoje, pela sua beleza e peculiaridade, são vendidas em lojas turísticas. Ou também, os trançados de diversas fibras, para a produção de cestas, redes, e outros produtos, com trançados típicos, que variam conforme a aldeia indígena originária. Também são usadas sementes e penas de pássaros que enfeitam adereços como colares e pulseiras.
Uma infinidade de coisas bonitas, típicas, produzidas pelas mãos das “gentes da terra” que nelas põem sua herança cultural ancestral.
Porém, quando essa produção, local, artesanal, se transforma em indústria para alcançar maiores nichos de mercado, aí é que se dá o problema: a indústria do artesanato promove a coleta de materiais sem nenhuma preocupação com a preservação das espécies, pois seu único objetivo é produzir para vender, e quanto mais, melhor.
Também é nessa indústria, nas palavras de Mario Mantovani, diretor da SOS Mata Atlântica, que a caracteriza como “industrianato”, que ocorrem casos freqüentes de uso da mão de obra nativa em regime similar ao da escravidão, outra prática que é preciso ser duramente combatida no Brasil atual.
Nesse contexto, o da industrialização pela lógica do lucro, o artesanato deixa de produzir efeitos positivos para a renda das comunidades produtoras, para além de promover a deturpação das bases etnoculturais que o fundamentam e a destruição do meio ambiente.
É nessa luta que algumas ONGs de expressão nacional – SOS Mata Atlântica, WWF-Brasil, Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá) e Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA) – se integraram à 24ª Feira Nacional de Artesanato (Belo Horizonte/MG) advogando pela defesa da regulamentação clara do uso dos materiais nativos para a produção artesanal junto ao Governo Federal e Congresso Nacional, para que esses unam esforços com a sociedade civil para a definição da legislação e regras suficientes visando a garantia da sustentabilidade socioambiental e econômica do desenvolvimento do artesanato nacional com matérias-primas nativas.
Quando você quiser comprar artesanato brasileiro, cobre essa regulamentação, exija produtos com garantia de que foram feitos com materiais obtidos em manejo sustentável. Não compre do comércio clandestino, não compre quando o produtor não for a comunidade original, questione as condições de trabalho a que são sujeitos os nativos que produzem a peça artesanal.
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Fonte foto: freeimages
Categorias: Green Economy, Informar-se
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