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À exemplo do mega empresário norte-americano Bill Gates que, há décadas, investe verdadeiras fortunas visando o bem-estar social de áreas carentes pelo mundo – para se ter uma ideia, para o próximo ano, há cerca de US$ 1 bilhão separados para tal finalidade – no Brasil, várias iniciativas parecem seguir o mesmo caminho, isto é, o de aliar sustentabilidade e mercado, em novos – e lucrativos – empreendimentos.
Essa situação tem sido chamada de o novo capitalismo. Ou seja, flertam com a filantropia, mas, ao mesmo tempo, continuam sendo empresários tradicionais. A diferença de um filantropo clássico – que faz as boas ações para grupos, mas sem qualquer retorno financeiro – o capitalista visa o pragmatismo de mercado. Esse último deseja o lucro, nem que seja para reinvesti-lo no negócio, um fator de grande importância. Isso se justifica pela própria formação e experiência dessas pessoas, que, inclusive, foi construída ao longo de períodos de vínculos com várias empresas tradicionais, de destaque, no mercado.
Esses empreendimentos inovadores são chamados de negócios de impacto. Caracterizam-se por oferecer um produto e ou serviço que repercuta, de maneira direta, em promover uma melhoria social ou ambiental, que possa ser medida. Assim, esses são negócios que também podem gerar lucro – em alto grau, inclusive – até mesmo porque vivem de doações e aportes financeiros e necessitam de acionistas, para ampliar o alcance de tais iniciativas.
Segundo levantamentos recentes, os investimentos em negócios de impacto já contabilizam um total de US$ 46 bilhões, ou seja, números espetaculares e que só dão sinais de que irão crescer imensamente.
Contudo, o Brasil, a despeito de investir mais em sustentabilidade que potências socioeconômicas, como o Reino Unido ou os Estados Unidos, ainda investe muito pouco perto de seu potencial e desperdiça boa parte do dinheiro.
O prestigiado jornal inglês The Guardian, recentemente, publicou uma matéria que propõe três diretrizes para que o Brasil se apoie, a fim de aperfeiçoar tanto os investimentos em meio ambiente, quanto seus resultados efetivos. São eles:
As oportunidades para o ponto de virada sustentável do país, precisam passar por um grande processo de educação, que repercutirá na percepção de cada habitante do país sobre o meio ambiente, ou seja, em vez de pensar em “o mundo”, começar a referir-se ao planeta como “meu mundo”. O setor de publicidade e propaganda, assim como o nosso paradigma social, é todo baseado no consumismo norte-americano. O curioso é pensar que naquele país do norte, a população já esteja entrando na fase de pós-consumismo, enquanto no Brasil, questões culturais como o funk, estimulam o consumo desenfreado. O sentido de materialidade, portando, precisa se transformar;
Toda a insatisfação política revelada pelas recentes manifestações de rua – que atingiram o ponto máximo há cerca de um ano, em junho de 2013 – precisa ser absorvida pelas pessoas, não como uma desilusão, mas sim, para lidar com a falta de representatividade, de modo a que, cada um, possa ser um agente de mudanças, através das próprias ações no dia a dia;
O mercado de negócios precisa ter a mesma visão e começar a atrelar para si mesmo a responsabilidade de utilizar a sustentabilidade como prática corporativa; desse modo, dando exemplo ao comportamento da população e podendo pressionar o poder público com uma mudança de perspectiva. A questão é de todos, não só do governo – afinal, não é a presidente Dilma que joga o lixo no seu bueiro, não é mesmo? Além disso, o governo não é capaz de impor conceitos na cabeça das pessoas através das leis, como vimos no artigo Multas para quem joga o lixo no lugar errado.
Enfim, capitalismo combina com sustentabilidade? Qual é a tua opinião?
Categorias: Green Economy, Informar-se
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