Em uma época de transformações climáticas profundas, os efeitos sobre a vida das pessoas são, cada vez mais drásticos. Primeiro, temos visto a estiagem histórica de estados como o Rio de Janeiro – cujo verão tem sido 90% – e a baixa recorde dos reservatórios que abastecem a cidade de São Paulo.
Agora, começa a se descortinar um efeito secundário da escassez hídrica, uma fragilização de nossa matriz energética, eminentemente hidrelétrica. Como o nível de água está baixo os apagões têm sido uma realidade para grande parte do território nacional. Estamos vivendo uma verdadeira crise energética.
Inclusive, se compararmos à situação do racionamento histórico de energia, em 2001, época do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 20015, os níveis de água de 85% das hidrelétricas nacionais estão ainda menores. Ou seja, 18 das 21 unidades estão com capacidade energética reduzida.
Apenas em São Simão (MG e GO), Sobradinho (BA) e Serra da Mesa (GO) há uma alta no volume de água; as outras usinas estão com déficit, sendo que, em duas, já há operação dentro do volume morto – Ilha Solteira (SP) e Três Irmãos (SP).
Furnas (MG) e Nova Ponte (MG), duas das principais centrais energéticas do país estavam, até dia 20 de janeiro, com apenas 11% de seus volumes úteis.
Com isso, voltam a ser ligadas as termelétricas, que se apoiam em energia gerada a partir da queima de carvão, ou seja, mais gases responsáveis pelo efeito estufa são lançados na atmosfera. Dessa forma, a estratégia do governo para a crise se parece ao popular “enxugar gelo“, em atitudes que em nada ajudam a suavizar os problemas naturais, de fato.
Especialistas afirmam que os apagões ainda não ocorreram por conta do apoio termelétrico, que já vem ocorrendo, de forma massiva, desde 2013. Na época do primeiro apagão, em 2001, não havia tal opção.
E, acima de tudo, o país não parece ter colocado em prática as lições ensinadas em 2001, como uma conscientização da redução do consumo e medidas de eficiência energética, além da mudança de matriz, para opções mais sustentáveis, como biomassa, eólica, solar, entre outras.
No Rio de Janeiro, a empresa fornecedora de energia, Light, interrompeu suas atividades no dia 25 de janeiro, por conta da entrada de seus reservatórios no volume morto. Trata-se do segundo caso de hidrelétrica, componente do Sistema integrado Nacional, a ter de interromper atividades por conta da falta d’água. Atualmente, o reservatório que abasteceria a Light, Santa Branca, se encontra em – 0,81 do volume útil, ou seja, está no chamado volume morto, nível em que não é mais possível a geração de energia.
O caso anterior de interrupção de geração de energia ocorreu com a Usina de Paraibuna, em São Paulo. O Operador Nacional do Sistema tenta acalmar a população, afirmando que as duas usinas não são representativas, dentro do panorama nacional energético.
É impressionante e estarrecedor que estejamos passamos por isso. O Brasil é praticamente no mundo. Se o governo não estivesse mesmo preocupado com a questão ambiental, poderia então se preocupar com a nossa questão econômica. Sem água e sem energia elétrica, quais empresas irão sobreviver no país do futuro?
Fonte foto: freeimages.com
Categorias: Energia Renovável, Informar-se
ASSINE NOSSA NEWSLETTER