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O debate no Bundestag – a câmara baixa do Parlamento alemão, nessa primeira quinta-feira de novembro, foi marcado por agitações de opiniões e oposições, referentes à votação para manter acordo de cooperação no setor nuclear entre Brasil e Alemanha.
Os partidos União Democrata Cristã (CDU) e Partido Social-Democrata (SPD), votaram contra a moção que pedia o cancelamento do acordo de cooperação no setor nuclear, e se comprometeram a analisar o documento para verificar a necessidade de alterações no pacto vigente, garantindo a vitória no debate da manutenção da parceria com o Brasil.
Em oposição, o Partido Verde, autor da moção, contou com o apoio da legenda A Esquerda, que exigiu que as promessas de acordo e alterações sejam cumpridas, garantindo que o acordo seja focado somente em questões de segurança, do armazenamento do lixo atômico e do desligamento de usinas que não fomentem a geração de energia nuclear.
No decorrer do debate, Kotting-Uhl, uma das autoras da moção do Partido Verde e o deputado da legenda A Esquerda Hubertus Zdebel alegaram que o acordo não condiz com a atual política alemã de mudar sua matriz energética e desligamento de suas usinas.
Já para o deputado da CDU Andreas Lämmel o fim do acordo nuclear arriscaria a parceria entre os dois países em outros setores, causando polêmica ao afirmar que havia usinas nucleares mais seguras do mundo em território alemão e poderiam passar ao Brasil esta experiência.
Ainda, no debate, as deputadas Nina Scheer e Hiltrud Lotze do SPD também apoiaram o posicionamento da CDU para continuar a parceria com o Brasil, e não discordaram de Kotting-Uhl de que é preciso reaver o acordo para observar as mudanças necessárias e garantir que estas não sejam destinadas à construção de novas usinas nucleares ou para o uso de ações militares.
O Acordo Nuclear Brasil-Alemanha foi assinado ainda no período da Ditadura Militar no Brasil, em 1975, com vigência inicial de 15 anos. Nele, o Brasil se comprometia a criar um programa de construção de oito usinas nucleares e desenvolver uma indústria, com empresas alemãs que fabricariam componentes e combustível para os reatores. Previa, ainda, um repasse de tecnologia alemã no país.
Por influência americana e crise econômica brasileira em 1980, o acordo começou a fracassar, visto que das oito usinas nucleares prometidas, duas entraram em vigência – as respectivas Angra 1 e Angra 2. O Brasil passou a desenvolver programas nucleares paralelos, mas continua renovando o acordo, apesar dos problemas que tem apresentado. Após essa votação em Bundestag, o acordo será renovado pela sexta vez.
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Fonte foto: freeimages.com
Categorias: Energia Renovável, Informar-se
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