Tribos isoladas, recentemente encontradas por homens brancos, demonstram uma sutil mudança no comportamento desses grupos: nota-se que eles próprios têm buscado o contato com a dita civilização, por não se sentirem seguros na mata.
A FUNAI tem como princípio a não interferência sobre esses povos e tenta interagir o mínimo possível por receio da propagação de doenças, às quais os índios não estão imunes. Também temem que o contato provoque impactos negativos sobre a cultura indígena, porém, essas autoridades têm percebido que há mudanças nas tentativas de aproximação dos índios que antes viviam em isolamento. A interferência da FUNAI só se daria em duas situações: quando os indígenas estivessem em risco, ou quando precisassem ser confinados em áreas demarcadas, por habitarem em locais importantes para a construção de projetos de infraestrutura.
Muitas dentre essas novas populações identificadas vem de pontos da Amazônia peruana, onde têm sofrido perseguição por parte de madeireiros e posseiros e, por isso, passaram a migrar para a parte brasileira da fronteira; como foi o caso de alguns índios encontrados na aldeia Simpatia, pertencente ao grupo Ashaninka, que se localiza na fronteira com o Peru.
Os membros da FUNAI perceberam, ainda, que um dos índios apresentava sinais de gripe, o que foi motivo de preocupação, já que esse tipo de doença, comum ao homem branco, pode chegar a dizimar 9 em cada 10 índios, sobretudo no caso de índios isolados.
O panorama é complexo: a ONG Survival International aponta que a Amazônia, em sua área brasileira, é o local com maior quantidade de indígenas isolados em todo o planeta. São pelo menos 104 registros diferentes, com 26 tribos já localizadas.
O caso dos isolados do Xinane é interessante, porque a procura pela FUNAI partiu dos próprios índios, que permaneceram no Acre. Os estudiosos sabem que isso não é à toa, mas sim, um sinal claro de que sua área original está em risco.
A própria Survival International apresenta um abaixo-assinado, com o intuito conseguir chamar atenção para a proteção aos povos isolados.
O caso chegou na Comissão de Meio Ambienta do Senado Federal, em audiência para que se discutisse a situação dos índios. Mais tarde, houve uma coletiva de imprensa na qual foi divulgado que o Palácio do Itamaraty pediu auxílio e atenção do governo peruano à essa questão – já que muitos dos índios são originários do Peru.
Os números da violência contra indígenas, divulgados pela Survival e confirmados pela FUNAI são assustadores. Cerca de 500 mortes em apenas 10 anos – e isso, somando apenas as que foram, realmente, identificadas nos registros oficiais, ou seja, os números podem ser ainda maiores.
Leia também: Edwin Chota: um dos ativistas assassinados que defendiam a floresta amazônica
Categorias: Biodiversidade, Informar-se
ASSINE NOSSA NEWSLETTER