Na evolução das espécies, as esponjas-do-mar podem ser nossas parentes mais distantes


As esponjas marinhas têm estruturas simples e pouco complexas: não apresentam sistema nervoso, músculos e nem intestino.

Apesar das esponjas terem estruturas fisiológicas simples, recentemente, cientistas descobriram que as esponjas-do-mar, animais representantes do filo dos poríferos, podem ter um grau de “parentesco” na cadeia evolutiva de outros animais, de acordo com um estudo conduzido por cientistas do Trinity College Dublin, na Irlanda.

Processo evolutivo

Esse fato curioso surgiu a partir de pesquisas e hipóteses de cientistas irlandeses, que citam que os processos da evolução animal, possivelmente não começaram com os cnidários (águas-vivas), e sim a partir dos poríferos.

A pesquisa, publicada em março de 2021, na revista científica Nature Communications, se contrapõe a estudos anteriores que diziam que nossos “familiares” mais afastados na evolução seriam versões mais complexas das águas-vivas do tipo carambolas-do-mar (Ctenophora).

Em vez disso, os pesquisadores dizem que o processo evolutivo foi bem mais simples do que se imaginava.

Sequências de aminoácidos

Apesar das águas-vivas serem mais complexas fisiologicamente que os poríferos, os cientistas conseguiram identificar sequências de aminoácidos, presentes somente em poríferos, que possuem propriedades bioquímicas semelhantes com a dos humanos.

Os estudiosos desenvolveram um método para analisar sequências de aminoácidos que compõem proteínas de animais.

Segundo eles, o problema de outras técnicas é que elas não levam em consideração as mudanças nos aminoácidos dos seres vivos ao longo da evolução.

Isso pelo fato de que essas moléculas de proteína só se alteram pela seleção natural quando se tornam novas moléculas, mas com propriedades bioquímicas ainda semelhantes.

Não ter levado em conta esse “característica” evolutiva teria atrasado pesquisas anteriores que apontavam as carambolas-do-mar como nossas ancestrais.

História evolutiva

As águas-vivas dessa espécie realmente são mais complexas, pois têm sistema nervoso e músculos para detectar e capturar suas presas, para depois digeri-las no intestino.

Mas, se fossem nossos “parentes” mais distantes, esses atributos mais avançados teriam que ter se perdido para voltarem só mais tarde, depois de se diferenciarem de animais simples, como as esponjas.

Ou ainda, as características teriam que ter evoluído duas vezes ao longo da história evolutiva:

  1. primeiro, nas carambolas-do-mar e,
  2. depois, em outros animais que as possuem, como tubarões, moscas e nós, humanos.

Hipóteses

A hipótese anterior pode ser levada em conta, pois realmente existem exemplos parecidos de um caminho “mais complicado” na evolução, como os de pássaros e morcegos, que são parentes distantes, mas têm asas evoluídas independentemente para o voo.

Mas não foi isso que ocorreu.

Os cientistas acreditam que as características mais detalhadas que nós temos no nosso organismo surgiram de modo independente das águas-vivas e que sucederam somente às esponjas.

Segundo o autor da pesquisa Anthony Redmond, pesquisador de pós-doutorado na Escola de Genética e Microbiologia da Trinity:

“Em vez de carambolas-do-mar, nossas análises aprimoradas apontam para as esponjas como nossos parentes animais mais distantes, restaurando a hipótese tradicional e mais simples da evolução animal“.

É a ciência nos surpreendendo mais uma vez!

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Lara Meneguelli


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