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Se algum dia você se se deparar com criaturas um tanto assombrosas e estranhas, não se assuste!
A natureza está sempre nos surpreendendo e, de repente, podemos nos deparar com seres que nem sequer imaginaríamos sua existência, que, diga-se de passagem parece um tanto bizarra.
Conheça melhor essas criaturas para, se acaso um dia as encontrar, não tomar um susto e achar que são seres de outro mundo.
Estamos falando das larvas dos insetos do gênero Perreyia, que pertencem à ordem Hymenoptera e que ocorrem em partes da América do Sul, entre elas, o Brasil.
Doze espécies são conhecidas, sendo a qual se tem maiores informações e incidência é a espécie Perreyia flavipes.
As larvas do gênero Perreyia são negras, com a aparência similar às das lagartas, não têm exoesqueleto, possuem corpo rugoso e segmentado e andam aglomeradas, umas por cima das outras.
Essas larvas posteriormente se transformam em vespas.
Estas larvas se alimentam de folhagem baixa e das folhas que caem no chão.
Elas têm como mecanismo de defesa o hábito de ficarem aglomeradas em grandes grupos, com centenas de larvas, para assumir uma aparência maior e afastar predadores como aves e insetos.
Com esse mecanismo, conseguem preservar mais indivíduos de sua espécie, já que durante o período de extremas alterações climáticas, precisam migrar para locais onde possam sobreviver. E, nesse processo, diversas delas acabam morrendo.
O biólogo Rafael Cedro de Souza Sandoval, mestre em Entomologia (especialidade em insetos) pela UFPR e doutor em Zoologia (Biologia Animal) pela UNICAMP confirma isso, dizendo:
“Elas caminham no solo nesses grupos com a finalidade de ganhar uma forma estranha, para afastar predadores e tentar preservar um grande número de sua espécie.”
Segundo este entomólogo, estas larvas podem se agrupar em grupos compostos de 6 e 200 indivíduos.
Ainda segundo ele:
“Todos são provenientes de uma mesma postura.
Uma única fêmea coloca em torno de 100 a 400 ovos e esse número pode se dividir em pequenos grupos.”
Devido ao comportamento e às características dessas criaturas, elas são conhecidas popularmente pelos nomes de:
O nome popular mata-porcos se deve ao fato dessas larvas ficaram sob folhagens ou entre o pasto, e os animais que se alimentam de plantas ou do pasto, podem acabar por acidentalmente ingerir as larvas, o que infelizmente pode ser fatal, devido à toxicidade delas.
Ao ingerir essas larvas, animais como suínos ou bovinos apresentam mudanças bruscas de comportamento, mal-estar e se não for percebido a tempo para socorrê-los, podem morrer em menos de 2 dias depois dos primeiros sintomas.
Devido a esse perigo, os animais devem ser retirados de áreas que apresentem a incidência dessas larvas.
Se as larvas estiverem em uma área em que corra o risco dos animais ingeri-las, outro procedimento é retirá-las e colocá-la em outro local, mais escondido e isolado, onde não circulem animais.
Outro nome popular dessas larvas é bichos-da-chuva, porque costumam aparecer em períodos de tempestades.
Em alusão a esse fato, tem até a música “Bicho da chuva” do gaúcho Ênio Medeiros, cuja letra diz assim:
“Os bicho-preto vem subindo na coxilha (colina), anunciando vento frio e temporal, vem caminhando uns em cima dos outros, ladeira acima fugindo do banhadal (terreno alagado).
Só quem entende a previsão dos home antigo e observa o jeito dos animais, espera agosto com a tulha (depósito de alimentos) cheia de boia (comida), batata doce…
Meu poncho (vestimenta gaúcha) velho que me abriga do rigor (frio) e eu vou contando pra esses jovens de caderno (estudantes), que nunca viram uma lagoa virar vidro (congelar), nem bicho-preto anunciar o rigor do inverno.”
Como se vê, a letra dessa música conta como o aparecimento dos bichos-pretos, no Rio Grande do Sul, anunciam a chegada do frio gaúcho, com ventos fortes e temporais de Inverno.
Principalmente no Sul do nosso país, quando estas larvas aparecem migrando, elas anunciam um período de rigoroso Inverno, que é um período de baixa produtividade na agricultura. Por isso, estsão associadas à carestia, que quer dizer escassez.
Em ambientes mais ruralizados, é comum o homem interpretar os sinais que vêm da natureza, através do comportamento dos animais.
Alguns destes sinais vêm dos bichos-pretos. Por isso, existe até ditos populares com estas criaturas, tais como:
Esses ditos populares não são mera crendices, pois se fundamentam no comportamento de sobrevivência destes animais, que instintivamente e sensorialmente conseguem perceber as mudanças climáticas.
Como na roça e em meios rurais o ser humano está mais atento aos comportamentos dos seres da natureza, ele consegue interpretar o que significa.
Nesse contexto, é possível traduzir várias mudanças comportamentais dos bichos-pretos, como quando se deslocam em direção às superfícies mais altas, que significa que buscam escapar dos alagamentos e das enchentes que virão a ocorrer nas áreas mais baixas.
Este comportamento dos bichos-pretos se deve aos sistemas sensoriais de seu organismo, capazes de perceber e sentir as alterações atmosféricas que se processam no ambiente no qual estão inseridos.
Ademais, esses bichos preferem locais protegidos e úmidos, mas não encharcados, por isso a mudança de comportamento se dá quando ocorrem alterações climáticas, que desencadeiam tempestades e alagamentos.
Devido ao aspecto um tanto aterrorizante dos bichos-pretos e ao fato da migração e movimentação dessas criaturas anunciarem mudanças bruscas, existem algumas crendices e superstições em torno destes seres, tais como:
Veja as diversas simbologias e significados que bichos aparecendo em casa podem ter:
Com base neste ponto de vista dos bichos poderem sinalizar algo extra físico, que fique claro que eles são como mensageiros e o mal não está neles, mas sim na vibração ou desequilíbrios energéticos que podem estar afetando o ambiente.
Veja neste vídeo do canal Naturamorpho, mais informações e como caminham as larvas do gênero Perreyia:
Agora que já conhece os bichos-pretos, quando vir estas criaturas, o susto será menor 🙂
Se vê-los em áreas de sua residência, tome os devidos cuidados sem fazer mal a eles, pois assim como nós, eles buscam se desenvolver e viver para existir e cumprir seus propósitos na natureza.
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Categorias: Biodiversidade
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