A vida das plantas: elas falam, sentem e ajudam umas às outras


“Estado vegetativo” está longe de ser uma boa expressão para definir como as plantas vivem. Ainda que a forma como elas se organizam seja misteriosa para nós, já há vários estudos científicos que comprovam que as plantas falam, sentem, têm memória – claro, à maneira delas.

Uma reportagem especial do Globo Rural mostrou a sabedoria das florestas. Um dos aspectos do quanto a natureza é sábia está na forma comunitária como as plantas vivem.

Inteligência

De acordo com a reportagem, as plantas não são seres imóveis. Muito pelo contrário, elas têm suas próprias formas de comunicação e defesa.

A planta Maria Dorimideira, por exemplo, fecha-se ao ser tocada, uma reação de defesa contra uma possível ameaça.

Quando isso acontece, ela usa o seu sistema hidráulico para deslocar água. O sinal elétrico emitido chega à base da folha, que perde água e murcha. A Maria Dormideira, por causa dos seus impulsos elétricos, é chamada pelos botânicos de “sensitiva” ou “Maria fecha a porta”.

O agrônomo Ricardo Oliveira, sobre a inteligência das plantas, explica que:

“Elas aprendem através de processos bioquímicos que se repetem. Tudo que é presenciado fica registrado e, quando isso é repetido, isso é identificado. O que motiva os cientistas, pesquisadores, entusiastas desse mundo a estudar é procurar entender como a vida se manifesta numa planta, e quais são de fato suas capacidades”.

Outra forma de inteligência desses seres vivos está em sua capacidade regenerativa, mesmo após um desmatamento. Pesquisadores observaram essa habilidade em uma área de Mata Atlântica do Parque Nacional de Itatiaia, na Serra da Mantiqueira, que havia sido desmatada e transformada em uma grande fazenda de gado e lavoura na década de 1980.

A área se recuperou em etapas: o gado foi retirado e as roças foram interrompidas, o que fez surgir nas encostas uma espécie conhecida por vengala ou calafá, um tipo de bambu típico do bioma.

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Vida comunitária

Assim como os seres humanos, as plantas convivem: elas precisam estar juntas para se desenvolver. Entre as árvores existe competição por um lugar ao sol.

Já sob a terra, elas agem de forma colaborativa.

A pesquisadora canadense Suzanne Simard realizou um estudo sobre a troca de substâncias que as plantas realizam embaixo da terra. Na década de 1990, sua equipe injetou moléculas de carbono em uma árvore. Um tempo depois, a substância havia sido repassada para outras plantas do entorno. Essa troca se deu entre as raízes das plantas.

“Nós fizemos sensoriamento em uma floresta do Pacífico Norte e o que constatamos foi surpreendente. Tudo ali está conectado formando uma extraordinária rede de comunicação. Tão ou mais fantástica que a internet”, conta Simard.

Para sobreviverem, as plantas agem como nós: escolhem se associar com quem as interessa (no melhor dos sentidos). Elas realizam uma espécie de recrutamento seletivo entre aqueles indivíduos que podem lhes oferecer mais nutrientes. As espécies que têm o papel de nutrir as demais são denominadas de “árvores-mães”, que alimentam as suas crias e as da vizinhança, ainda que em menor medida.

O agrônomo da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA), Antônio Devide, é contundente sobre a importância da diversidade das plantas e o quanto elas têm a nos ensinar:

“A gente precisa viver em redes, estabelecer conexões assim como os fungos, as bactérias e as árvores se comunicam, por que não a sociedade trabalhar nesse sentido?”.

Se você quiser aprender mais sobre a vida das plantas e trazer esse aprendizado para a sua vida, assista na íntegra ao Programa Globo Rural a seguir:

https://youtu.be/9pZzeutmq7M

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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