A vida marinha renasce no Quênia: animais retornam aos recifes graças às mulheres


A vida marinha no Quênia está sendo restaurada em uma iniciativa liderada por mulheres do país.

Como conta uma reportagem no The Guardian, o aumento da temperatura do mar nos últimos anos desencadeou, pela quarta vez em duas décadas, um intenso branqueamento dos corais. Como consequência, houve uma diminuição da vida marinha, agravada pela sobrepesca. Mas, agora, as lagostas, polvos e muitas outras espécies estão de volta. 

Segundo a reportagem, há três anos os recifes de corais ao longo da costa do Quênia foram quase totalmente destruídos em algumas áreas, o que representou uma ameaça de aniquilamento, também, dos meios de sobrevivência das comunidades costeiras.

Diante desse grave cenário, o Instituto de Pesquisa Marítima e Pesqueira do Quênia (KMFRI, na sigla em inglês) realizou um estudo para testar a viabilidade de transplantar fragmentos de coral de áreas afetadas por eventos de branqueamento. Em um momento seguinte, começou a trabalhar em parceria com as comunidades locais pela reabilitação dos recifes. Os resultados foram surpreendentes.

Entre os exemplos mais bem-sucedidos consta o da Ilha Wasini, na costa sudeste do país africano. Lá, em uma iniciativa liderada pelas mulheres do local, os peixes começaram a retornar logo no início das atividades de restauração.

A Unidade de Gerenciamento da Praia de Wasini conta hoje com 250 membros, sendo que cerca de 150 são mulheres. Mais de 40 dessas pessoas foram treinadas em técnicas de restauração.

Grande parte dos corais transplantados de jardins para áreas degradadas de recifes sobreviveram, gerando novos habitats para diversas espécies de peixes.

“Esses esforços de conservação não apenas aumentaram o número de peixes nas áreas protegidas, mas o crescimento da população está se espalhando para áreas não protegidas, beneficiando muito mais pessoas”, afirmou ao Guardian Dishon Murage, consultor da organização de conservação ambiental Seacology, nos EUA, e professor da Universidade Técnica de Mombaça.

Uma outra iniciativa que tem atraído as populações de peixes, também liderada pelas mulheres da ilha de Wasini, é o cultivo de ervas marinhas. Estas vinham sumindo do fundo do mar devido a um desequilíbrio ecológico provocado pela pesca excessiva de certas espécies, como o peixe-gatilho, predador natural dos ouriços-do-mar que, por sua vez, se alimentam de ervas marinhas. Sem os peixes-gatilho, a população de ouriços-do-mar cresceu demais, diminuindo a presença das ervas marinhas.

O melhor caminho para todos

A melhor parte da história é que todos têm colhido os frutos da recuperação do ecossistema. A população, treinada para ser uma aliada nesse processo, viu o ecoturismo na ilha crescer de 30 para 80%, afetando positivamente a renda das comunidades. 

A ilha queniana é mais um exemplo de que as alternativas sustentáveis são o melhor caminho para todos.

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Gisele Maia

Jornalista e mestre em Ciência da Religião. Tem 18 anos de experiência em produção de conteúdo multimídia. Coordenou diversos projetos de Educação, Meio Ambiente e Divulgação Científica.


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