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Quais espécies têm maiores chances de sobreviver à crise climática? Christine Ro fez essa pergunta a diversos cientistas e escreveu um artigo, publicado recentemente na BBC, sobre as respostas obtidas. Os pesquisadores foram unânimes ao afirmar que o ser humano dificilmente estará entre os sobreviventes que herdarão a Terra arrasada.
Embora sejamos dotados de inteligência e enorme capacidade de adaptação, nosso processo reprodutivo – mais lento em relação ao dos demais seres vivos – coloca-nos em franca desvantagem nesse sentido.
Segundo Ro, um relatório de biodiversidade, publicado recentemente, afirmou que uma em cada quatro espécies enfrenta o risco de extinção atualmente. Essa vulnerabilidade está, em grande medida, relacionada à mudança climática, que vem provocando temperaturas mais altas, aumento do nível do mar, condições mais variáveis e condições climáticas mais extremas, entre outros impactos.
Embora admita que as projeções dos cientistas não possam ser vistas fatos consumados, ainda assim é possível fazer algumas suposições, considerando padrões gerais.
Por exemplo, entre as plantas, são fortes candidatas à sobrevivência aquelas cujas sementes podem viajar longas distâncias, por correntes de vento ou oceânicas (como os cocos), e não por formigas (como algumas acácias).
Aquelas capazes de ajustar seus tempos de floração também entram na lista, porque essa adaptabilidade permite que lidem com temperaturas mais altas.
Entram nesse grupo também as microalgas verdes que se adaptaram a ambientes mais salgados ao longo de milhões de anos – uma descoberta feita apenas em setembro de 2018 por Fatima Foflonker, da Rutgers e seus colegas.
“As ervas daninhas, normalmente encontradas ao longo das estradas, podem ser especialmente duradouras em comparação com outras plantas”, escreve Ro.
Seguindo a pista dos registros históricos, que contam como as espécies evoluíram ao longo do tempo e das crises climáticas anteriores, as baratas aparecem como bichos tenazes que “sobreviveram a todos os eventos de extinção em massa da história até agora”, de acordo com Asmeret Asefaw Berhe, biogeoquímico do solo da Universidade da Califórnia em Merced. Um dos motivos seria que as baratas não são lá muito exigentes com o próprio cardápio. Elas comem de tudo, ao contrário dos coalas, por exemplo, que se alimentam de folhas de eucalipto, cada vez menos nutritivas devido ao aumento de CO2 na atmosfera.
A lista apresentada por Ro vai longe, e considera diversos outros fatores, inclusive a independência do habitat em relação ao sol, como é caso das zonas de águas profundas, praticamente dissociadas da superfície do planeta.
“A humanidade nem sabia que eles existiam até 1977. Sua energia vem do núcleo da Terra, e não do Sol, e seu habitat já extremo não é susceptível de ser alterado por mudanças acontecendo na superfície do oceano”, afirmou Jonathon Stillman, fisiologista ambiental marinho da Universidade Estadual de San Francisco.
A própria autora do artigo destacou que esse tipo de exercício de futurologia não traça um cenário preciso, uma vez que mudanças comportamentais e políticas podem reverter o quadro atual. No entanto, se nada for feito, observar o comportamento das diversas espécies ao longo do tempo podem trazer algumas pistas bem aproximadas de quem herdará a Terra: ervas daninhas, baratas e micróbios, mas, dificilmente, o ser humano.
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Categorias: Biodiversidade, Informar-se
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