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Enquanto as autoridades brasileiras se esforçam para passar uma imagem totalmente positiva ao longo da Copa do Mundo de 2014 – de que o Brasil é um verdadeiro “paraíso” – , não faltam manifestos, protestos e declarações que mostrem que a realidade é bem outra e, para dizer o mínimo, mais complexa.
Entre as parcelas da população mais atingidas pelos problemas lançados pelo mundial estão os povos indígenas. A maior parte das arenas – ou estádios – da Copa estão erguidas em áreas que, originalmente, pertenciam a esses povos. Com isso, esses cidadãos vêm sendo vandalizados, com remoções forçadas e supressão de direitos.
Entre os estádios vamos apresentar, a seguir, de que forma essas construções afetaram os povos indígenas que ali viviam.
Ironia das ironias, a Arena Amazônia, localizada na capital do estado, foi construída como “homenagem” aos índios, sendo a forma da construção do estádio algo próximo a uma cesta indígena, um dos principais símbolos dessas populações.
O próprio nome da capital, Manaus, foi dado em homenagem à tribo Manaós, hoje extinta. Esse povo lutou intensamente contra a dominação portuguesa, chegando a unificar outras tribos para formar uma resistência. Infelizmente, não resistiram aos confrontos.
Conflitos de madeireiros, posseiros e grileiros ameaçam as tribos isoladas da região.
Na capital do Mato Grosso, bem na área onde hoje está a Arena Pantanal, pelo menos três tribos importantes existem: Nambiquara, Umutina e Pareci. As três quase foram dizimadas, por razões distintas, mas apesar dos conflitos por terra, madeireiros e latifundiários, estão se recuperando aos poucos. A uma distância de 1.400 km de Cuiabá vive o povo Kawahiva, a despeito de seu isolamento estão muito ameaçadas de extinção.
Na Arena Maracanã – que em Tupi, quer dizer tanto papagaio, quanto remete à expressão maraca-na, que é um tipo de chocalho que os índios utilizam em cerimônias religiosas.
Para a reforma do Maracanã e construção de um estacionamento foram expulsos índios que viviam na chamada Aldeia Maracanã, uma ocupação do prédio no qual funcionava o Museu do Índio, hoje desativado. As autoridades do estado e do município desocuparam a área para derrubar o casarão – do século XIX – e fazer dali, um espaço para guardar automóveis e um museu… do futebol.
Além de todas as diversas histórias de violação de direitos e abandono, os índios foram transformados oficialmente pela Fifa – organizadora da Copa – em uma massa invisível, já que sua existência é completamente omitida de todos os releases oficiais, para a imprensa e a audiência do mundo todo.
Não obstante essa omissão vergonhosa, a Coca-Cola, uma das maiores investidoras do evento, utiliza índios como garotos-propaganda, ao mesmo tempo em que adquire açúcar da multinacional norte-americana Bunge, que está envolvida com a exploração de terras dos índios Guarani.
A Organização Survival, presente em mais de 100 países do mundo, está na luta pela sobrevivência dos índios. Para isso, faz pressão sobre as autoridades nacionais, de modo a propiciar a tais povos seus direitos mínimos constitucionais assistidos.
Para saber mais sobre como ajudar o projeto, basta acessar aqui.
Fonte: Survival International
Categorias: Biodiversidade, Informar-se
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