Se o Dia do Índio não parece ter sido de muita esperança para os povos indígenas do país, o Dia do Trabalho de 2014 reserva uma convocação especial: a etnia Munduruku do Tapajós, chama ao debate o Governo Federal.
Os índios decidiram, depois de uma semana repleta de reuniões, em assembleia com representantes de 60 aldeias e caciques, convocar o Ministério da Secretaria Geral da Presidência da Republica, na figura do ministro Gilberto Carvalho, bem como Ministério de Minas e Energia, FUNAI e Ministério Público Federal para uma reunião no Dia do Trabalho.
A motivação do encontro envolve a proposta de demarcação de terra – Terra Indígena Sawré Maybu – para o povo do médio Tapajós, além de encerramento imediato de análises e concessões de lavra de exploração de mineração no subsolo de terras reservadas a índios, dadas a grandes corporações, como a Vale.
A convocatória foi estabelecida a ser realizada na aldeia Sai Cinza, em Jacareanga, no estado do Pará – importante zona de conflitos pela posse de terra, no Brasil. Além das óbvias décadas de descaso, a reunião foi definida em resposta ao anúncio da AAI – Avaliação Ambiental Integrada – do Complexo Hidrelétrico do Tapajós – obra de imensas proporções, que inundará uma área de mais ou menos 800 km², praticamente o dobro do que é previsto para a – também polêmica Usina de Belo Monte.
A reunião foi solicitada através de um email destinado à Secretaria Geral da Presidência da República. Segundo os índios, o governo sempre declara que são eles quem não desejam o diálogo. Por isso, estão solicitando esse encontro, fazendo o primeiro passo para tornar concreto esse desejo de mudança, de uma situação que, há muito já é insustentável. Afinal, para eles, estabelecer hidrelétricas e projetos de mineração são violações do direito sagrado dos povos indígenas, já que todos os elementos naturais são de propriedade divina.
O governo, por outro lado, tem sido célere no sentido de aprovar o projeto de licenciamento das usinas hidrelétricas do Tapajós. Para se ter uma ideia, decretos oficiais da Presidente Dilma Rousseff definiram a redução de áreas destinadas a sete Unidades de Conservação, a fim de construir as grandes barragens, em um total de oito.
Muito embora desde fins de 2013 a própria presidente da FUNAI tenha assumido um compromisso pessoal em resolver a questão, e já tenha obtido autorização para tal na Diretoria de Proteção Territorial, não houve qualquer divulgação no Diário Oficial da União, ou seja, em resumo não tem qualquer efeito prático.
Fonte foto: wikipedia.org
Categorias: Biodiversidade, Informar-se
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