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A natureza é mágica, e uma de suas magias diz respeito ao fenômeno da bioluminescência que ocorre em diversos seres vivos.
Este fenômeno biológico ocorre nos diversos organismos vivos que têm a capacidade de emitir luz visível e fria, oriundas de reações químicas de seus metabolismos.
Recentemente noticiamos o fenômeno da bioluminescência causada por bactérias marinhas, que após 60 anos, voltou a ocorrer nas praias de Acapulco, no México. Agora, desta vez, trazemos o fenômeno bioluminescente que acontece nos cupinzeiros do Cerrado, precisamente no Parque Nacional das Emas, conhecido por isso como a “Cidade dos Cupins”.
O Parque Nacional das Emas é uma área de conservação da flora e fauna do Cerrado brasileiro, com cerca de 132 mil hectares que se estende pelos municípios de Mineiros e Chapadão do Céu, em Goiás; e em Costa Rica, na região norte de Mato Grosso do Sul.
Esse fenômeno é resultante do brilho de larvas do besouro bioluminescente (Pyrearinus termitilluminans), popularmente conhecido como vaga-lume, que vivem nos cupinzeiros e a noite se mesclam com as luzes das estrelas.
O besouro bioluminescente é um tipo de vaga-lume, cuja fêmea fertilizada após o acasalamento, deposita seus ovos na base de um cupinzeiro abandonado pelos cupins. Isso se dá pelo fato de que se o cupinzeiro estivesse habitado, as larvas dos besouros bioluminescentes poderiam ser atacadas por cupins-soldados, o que dificultaria a sobrevivência delas.
Quando os ovos eclodem surgem as larvas dos vaga-lumes, então, elas passam durante o ano todo a residir no interior destes cupinzeiros constituídos por uma rede de túneis de 1 a 5 cm de profundidade.
As larvas sobem pela superfície do cupinzeiro e se instalam em pequenas fendas ou buracos, que servem de tocas para elas, até passarem pela metamorfose e virarem os besouros luminescentes.
O fenômeno da bioluminescência das larvas de vaga-lumes pode ser visto no Parque Nacional das Emas, entre outubro e dezembro, especialmente no início do período das chuvas.
Quando tem início a estação chuvosa, as larvas começam a se situarem nas saídas dos túneis individuais, durante o anoitecer quente e úmido, colocando para fora suas cabeças e atraindo com seus corpos luminosos os cupins alados e outros insetos, que lhes servem como alimento.
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As larvas bioluminescentes pegam suas presas com suas mandíbulas e trazem para uma pequena cavidade com cerca de 1 cm de profundidade a partir da saída do túnel, após isso, regurgitam uma substância na presa para facilitar a digestão.
Infelizmente, os cupinzeiros e os besouros bioluminescentes se encontram ameaçados em sua preservação devido ao avanço da agropecuária, porque parte do habitat deles tem sido convertido em área de plantio de soja e outros grãos cultivados.
Outro fator que tem contribuído para esta ameaça é a incidência nesta região do turismo predatório, como exemplo, quando o turista resolve fazer selfie sentado nos cupinzeiros e acaba por destrui-los.
Além dessas causas, os vaga-lumes se encontram em risco de extinção em decorrência do uso de pesticidas e da poluição.
É necessário mais medidas de conservação e conscientização ambiental sobre a importância dos cupinzeiros e dos vaga-lumes, para o equilíbrio da biodiversidade do Cerrado.
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Veja este belo vídeo, produzido por Lobo Guara Filmes e apresentado por Douglas Santos, pesquisador em Turismo e Conservação da Natureza, da Associação Guardiões do Cerrado, explicando e mostrando como ocorre o fenômeno da bioluminescência no Parque Nacional de Emas no Cerrado de Mato Grosso do Sul:
Realmente este fenômeno natural da bioluminescência no Parque Nacional das Emas é fantástico demais! Só a natureza mesmo para promover todo esse encantamento!
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Fonte foto: Flickr
Categorias: Biodiversidade
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