Estudo Sugere que Plantas São Mais Inteligentes do que Pensávamos

A inteligência das plantas é um tema que suscita muitas perguntas e debates no campo da biologia. Um recente estudo conduzido pelo ecologista químico Andre Kessler, da Universidade de Cornell, lança uma nova luz sobre essa questão, argumentando que as plantas podem, de fato, ser consideradas inteligentes – dependendo de como definimos a inteligência.

Solidago spp. Fonte foto: Wikipedia

Definindo a Inteligência nas Plantas

Tradicionalmente, a inteligência é associada a um sistema nervoso central e à capacidade de processar informações através de sinais elétricos. No entanto, Kessler e seu coautor Michael Mueller, doutorando no mesmo laboratório, propõem uma definição mais básica de inteligência: “A habilidade de resolver problemas, baseada nas informações recebidas do ambiente, em direção a um objetivo específico.”

Segundo essa definição, a inteligência não precisa estar vinculada a um sistema nervoso central. Em vez disso, trata-se da capacidade de uma entidade responder de maneira adaptativa e eficaz aos desafios ambientais.

Estudos de Caso: O Solidago

Para apoiar essa nova perspectiva, Kessler e Mueller investigaram o comportamento da solidago, goldenrod (Solidago spp.), uma planta que demonstra respostas adaptativas notáveis quando atacada por herbívoros. Quando larvas de besouro consomem suas folhas, a solidago emite compostos orgânicos voláteis (VOCs) que sinalizam a outros indivíduos da mesma espécie sobre a presença de herbívoros. Esses VOCs não apenas afastam os herbívoros, mas também induzem plantas vizinhas a ativarem suas defesas, distribuindo assim o impacto da herbivoria.

Além disso, em um estudo publicado em 2022 na revista Plants, Kessler e o coautor Alexander Chautá demonstraram que a solidago pode perceber mudanças na proporção de luz vermelha distante refletida pelas folhas das plantas vizinhas. Quando há outras plantas nas proximidades, a solidago ajusta sua resposta ao ataque dos herbívoros, investindo mais em crescimento acelerado e produção de compostos defensivos. Em contraste, na ausência de vizinhos, a planta não adota esse comportamento adaptativo, embora ainda tolere níveis altos de herbivoria.

Inteligência Distribuída: O Modelo da Colmeia

Uma ideia fascinante que Kessler explora é a analogia entre o funcionamento das plantas e o de uma colmeia de abelhas. Na década de 1920, matemáticos sugeriram que as plantas poderiam operar de maneira semelhante a uma colmeia, onde cada célula funciona como uma abelha individual, e a planta inteira atua como uma unidade coordenada, sem necessidade de um sistema nervoso central.

Neste modelo, cada célula da planta possui a capacidade de percepção do ambiente, comunicando-se através de sinais químicos. Estudos mostram que células vegetais podem detectar espectros amplos de luz e compostos voláteis específicos, respondendo coletivamente a estímulos ambientais.

Implicações para a Ciência e a Percepção Humana

A aplicação do conceito de inteligência às plantas pode revolucionar nossa compreensão sobre a comunicação e a adaptação vegetal. Isso também desafia nossas noções convencionais de inteligência, ampliando a definição para incluir formas de vida sem sistema nervoso central.

À medida que a inteligência artificial avança, comparações com a inteligência vegetal oferecem novas perspectivas. Por exemplo, Kessler observa que, pela definição deles, a inteligência artificial ainda não é realmente inteligente, pois baseia-se na identificação de padrões em vez de resolver problemas em direção a um objetivo específico.

O estudo de Andre Kessler e Michael Mueller propõe uma visão inovadora da inteligência nas plantas, destacando sua capacidade de resposta adaptativa e coletiva aos desafios ambientais. Esta perspectiva não apenas amplia nossa compreensão científica, mas também nos inspira a reconsiderar o que significa ser inteligente.

O estudo foi publicado na revista Plant Signaling and Behavior.

Fonte: Phys.org

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