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Você sabia que existe um peixe que pode chegar a 11 metros de comprimento? É o peixe-remo (Regalecus glesne) ou regaleco, peixe-sabre, rei dos arenques: conhecido também como peixe do fim do mundo.
Com um corpo prateado, fino e longo, o animal é bastante popular entre aqueles que amam lendas e teorias da conspiração.
O motivo? Diz-se que, toda vez que um Regalecus glesne aparece na superfície, um desastre ambiental (como maremotos e terremotos) se sucede.
Por possuir um “topete” na cabeça e um comprimento considerável, o peixe-remo já chegou a ser comparado a um monstro marinho.
De acordo com Pedro Pereira Rizzato, biólogo doutor em ciências do Instituto de Biociências da USP, explica:
“Encontrar um peixe tão raro e chamativo quanto o Regalecus glesne é, com certeza, um evento extraordinário que atrai a atenção da população, e se dias após o encontro acontece um abalo sísmico, como um terremoto ou maremoto, que também é um evento extraordinário, as pessoas podem ser levadas a associar uma coisa com a outra”.
Em 11 de julho, um peixe-remo enorme foi capturado por pescadores em Arica, na costa do norte do Chile.
17 dias depois do seu aparecimento, um terremoto de magnitude 6,1 afetou o país, além do Peru, Bolívia e Argentina.
Mas, segundo Pedro, não existe correlação entre os dois eventos.
Veja como ele é enorme:
Hoy en #Arica capturan pez Remo, pez que según creencias niponas anuncia la llegada de un fuerte terremoto y posterior Tsunami #Perú @biobio @TVN @Cooperativa pic.twitter.com/Pz2bKerf8c
— Negrita 😉😉😉 (@JeannetteQuim) July 11, 2022
O elemento extraordinário na aparição do peixe-remo se dá porque ele vive desde regiões mais superficiais dos oceanos, onde ainda há entrada de luz, até as mais profundas, podendo chegar até cerca de 1.000 metros de profundidade, onde a luz já mal consegue penetrar.
O biólogo ressalta:
“Acredita-se que a espécie passe a maior parte do tempo nessas regiões mais profundas, entre pelo menos 200 e 500 metros de profundidade, e por isso esses peixes são raramente observados – o que dificulta até mesmo estudar aspectos da sua biologia, como, por exemplo, do que e como se alimenta, onde se reproduz e como se desenvolve”.
A presença da estranha criatura deixou os moradores assustados com o significado que ela carrega nas tradições locais.
O episódio trouxe à memória da população um acontecimento de 11 de junho de 2020, quando um peixe-remo foi encontrado em Cozumel, no México, e dez dias depois houve um terremoto de 7,5 graus na escala Richter.
Em seguida, as autoridades emitiram um alerta de tsunami em diversas cidades mexicanas e em outros países próximos.
Essa crença está enraizada em lendas de que o peixe-remo, cuja espécie vive entre 200 e 1.000 metros de profundidade, apenas encalha nas margens antes de terremotos subaquáticos.
As crenças em torno do peixe-remo se amplificaram depois que alguns foram vistos antes do terremoto de Fukushima em 2011 e do tsunami subsequente, que matou mais de 20 mil pessoas.
É possível que muitos mitos sobre monstros marinhos possam ter sido criados a partir dos avistamentos deste peixe.
Mas os cientistas contestam essas alegações.
A ciência nos permite testar se existe de fato alguma relação causal entre o aparecimento de um Regalecus glesne e a ocorrência de um abalo sísmico, para avaliar se podemos usar o aparecimento do peixe como alerta para um terremoto ou maremoto iminente.
A primeira forma de fazer isso é checar se os registros do aparecimento desse animal costumam ser acompanhados de ocorrências de abalos sísmicos nos dias seguintes.
Os pesquisadores fizeram exatamente essa investigação, avaliando os registros de dois eventos na região do Japão (onde são comuns abalos sísmicos, já que o país se encontra num local de encontro de placas), e concluíram que não há essa relação.
Ou seja, o aparecimento desse e de outros peixes marinhos que também são associados a essa lenda não é comumente acompanhado da ocorrência maremotos ou terremotos nos dias seguintes.
A lenda, portanto, não teria fundamentação científica comprovada, mas há controvérsias.
Alguns pesquisadores, no entanto, já afirmaram que alguns organismos aquáticos são biologicamente sensíveis a terremotos que se aproximam.
De acordo com os cientistas, é difícil falar quais espécies são mais sensíveis ao movimento das placas tectônicas… O que se sabe, é que os peixes em geral possuem um tipo de sistema sensorial, que já foi apelidado de “sexto sentido“.
Por exemplo, alguns animais marinhos possuem um sistema que envolve estruturas espalhadas pela pele e embaixo dela, que são capazes de detectar o movimento da água ao redor de seus corpos.
Com isso, eles sentem quando a água se move ao seu redor, seja provocado pela presença de um objeto, pelo deslocamento de um predador ou uma presa, ou até mesmo pela própria corrente de água passando pelo bicho.
Em peixes que vivem em águas profundas, o sistema costuma ser mais bem desenvolvido, ajudando-os a se orientarem nesses locais onde a luz não penetra.
Leia também:
Assista ao vídeo e veja como o peixe-remo é impressionante:
Fontes:
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Categorias: Animais
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