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Uma nova espécie de jararaca foi encontrada no Pico do Jabre, que fica no sertão da Paraíba.
Pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) divulgaram a descoberta de uma nova espécie de jararaca batizada como jararaca-do-jabre.
A espécie, até então desconhecida, foi registrada no mês de janeiro, 18, na revista científica canadense Canadian Science Publishing, maior editora canadense de periódicos científicos internacionais.
O nome científico da jararaca é Bothrops jabrensis, mas agora é conhecida como jararaca-do-jabre.
A descoberta foi feita em 2016, durante uma pesquisa de campo de uma equipe do Laboratório de Herpetologia da UFCG. O responsável pela equipe de pesquisa, que teve o primeiro contato com o animal, foi o biólogo e professor universitário Marcelo Kokubum.
O professor contou que avistou duas serpentes, uma macho e outra fêmea, em uma das idas de rotina ao pico, que fica no município de Matureia. O biólogo explicou:
“Achamos o encontro da espécie inusitado, pois foi encontrada na vegetação. Entramos em contato com um amigo, Marco Antonio Freitas, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é especialista em jararacas, e ele imediatamente reconheceu que estes indivíduos eram diferentes de outras espécies brasileiras e, a partir daí, entramos em contato com Fausto Barbo e Felipe Grazziotin, especialistas em jararacas do Instituto Butantan, e com Gentil Pereira, especialista em taxonomia de serpentes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Foi quando começamos o desenvolvimento da escrita do trabalho”.
O Pico do Jabre é o ponto mais alto do estado da Paraíba, com 1.197 metros de altitude.
Região de Caatinga, a altitude permite um diferencial em relação aos demais locais que abrigam o bioma. O clima ameno, com ampla vegetação, pode ser uma das razões para presença de uma serpente de comportamento distinto das já conhecidas.
A jararaca, foi levada a um laboratório para ser examinada, e os cientistas concluíram que se tratava de uma espécie ainda não identificada.
Entre as principais diferenças estava a morfologia.
Segundo o pesquisador, a espécie é distinguível morfologicamente principalmente pelo número de escamas e pela coloração.
Além disso, apresenta hábitos arborícolas (vive em árvores) e está presente em uma localidade longe das demais espécies mais relacionadas (espécies-irmãs) de jararacas de ambientes florestais.
A confirmação veio após análise molecular, realizada no Instituto Butantan, que apontou uma forte diferenciação genética da nova espécie em relação às outras jararacas, revelando a existência de uma linhagem filogenética anteriormente desconhecida que vem evoluindo como uma unidade independente há mais de 8 milhões de anos.
A descoberta da nova espécie chama a atenção para a importância da preservação da biodiversidade na região.
O pesquisador afirma:
“Como outros enclaves de floresta úmida da Caatinga, o Pico do Jabre é constantemente ameaçado por caça e queimadas ilegais, desmatamento para fins agrícolas e extração ilegal de madeira. A distribuição restrita da jararaca-do-jabre sugere fortemente que esta espécie, recém-descoberta, já está criticamente ameaçada e provavelmente está se aproximando da extinção como uma população natural”.
Descobertas como essa, sinalizam a importância de propor medidas de conservação e proteção dessas espécies antes desconhecidas.
O artigo publicado ainda destaca que a espécie é considerada endêmica, isso significa que ela só pode ser encontrada no Pico do Jabre.
De acordo com o Butantan, o Brasil possui mais de 30 espécies de jararacas.
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Categorias: Animais
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