Indígenas encontram dezenas de raias mortas no litoral de São Paulo


Indígenas encontraram dezenas de raias e tubarões em Peruíbe, litoral de São Paulo. Os animais surgiram de forma misteriosa em frente a uma aldeia indígena na última quinta-feira, dia 23.

As raias e tubarões foram encontrados por membros da Aldeia Tapirema. Eles acordaram devido ao “cheio forte”, encontraram os animais e chamaram as autoridades para removê-los do local.

O cacique da aldeia, Awa Tenondegua, explicou que é costume enviar um guerreiro para dar uma olhada na praia pela manhã. Assim, quando o membro da aldeia foi ao local, se deparou com dezenas de raias mortas.

55 raias, 3 tubarões e 1 móbula

A Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura de Peruíbe foi contatada pelo cacique. O secretário, Eduardo Ribas, diz que ainda não se sabe o motivo de os animais terem surgido no local, mas acrescenta que é improvável que eles tenham encalhado naturalmente, pois é uma área de vegetação, e há certa distância até a orla.

O Instituto Biopesca foi o responsável pelo resgate e averiguação do caso. Biólogos foram acionados e detectaram na área de vegetação da praia de Tanigwá o total de 55 raias, 3 filhotes de tubarão-martelo e 1 móbula, que estavam no local já mortos.

Ao recolherem as carcaças verificaram marcas de redes de pesca. De acordo com o biólogo Italo Bini, a maior parte das raias pertence à espécie Rhinoptera bonasus (raia ticonha) e algumas tiveram o seu ferrão cortado.

As marcas sugeriam que esse corte foi feito com algum tipo de lâmina. Já a móbula é uma outra espécie de raia e a encontrada era uma juvenil.

Pesca de arrasto

Segundo o coordenador geral do Instituto Biopesca, Rodrigo Valle, os animais provavelmente foram capturados por redes de pesca de arrasto, que geralmente têm como alvo o camarão.

De acordo com Rodrigo, a pesca de arrasto é autorizada, mas desde que executada como técnica artesanal, ou seja, desde que as redes não sejam movidas por motores, por exemplo.

Essa técnica consiste na amarração das redes aos barcos por cordas ou correntes, permitindo que elas alcancem o leito de oceano e sejam arrastadas.

Dessa forma, muitos animais que não são o alvo da pesca, como tartarugas, raias e tubarões, acabam presos e são descartados.

No caso das raias, Valle explica que elas podem ser comercializadas e, por isso, o ferrão teria sido cortado. Ele comenta:

“Muito provavelmente, esses animais foram capturados por redes de pesca de arrasto, que têm como espécie alvo o camarão”.

Com a chegada do verão e de turistas às praias do litoral, os esforços de pesca aumentam para atender o consumo, o que pode ser uma ameaça às espécies marinhas.

Para Bini:

“Já sabemos que tanto raias como tubarões podem ser vendidos como cação e o consumidor não é informado disso”.

Uma equipe recolheu as carcaças e todas elas foram encaminhadas para análise. O Instituto Biopesca deve elaborar um relatório técnico sobre a ocorrência.

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Lara Meneguelli


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