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Uma das serpentes mais venenosas do reino animal é 100% brasileira. A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) vive exclusivamente na Ilha da Queimada Grande, considerada a segunda ilha com a maior densidade populacional de cobras no mundo.
A Ilha da Queimada Grande fica a 35 km do litoral sul de São Paulo e também é conhecida como Ilha das Cobras. Podem ser encontradas cerca de 45 cobras por hectare (o equivalente à 4,5 cobras por metro quadrado!!!) e, ao todo, 43 hectares da ilha têm visitação proibida.
A jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) pertence ao gênero Bothrops, o mesmo da jararaca-do-continente (Bothrops jararaca).
Segundo a bióloga e especialista em serpentes Ligia Amorim, a serpente pode ter aparecido na ilha da seguinte maneira:
“A hipótese mais aceita é que ela tenha um ancestral comum com a jararaca continental. Há 11 mil anos, quando ocorreu a última glaciação, a ilha da Queimada Grande se separou do continente e com o aumento do nível do mar as espécies ficaram isoladas geograficamente. As que sobreviveram são as que conseguiram se adaptar evolutivamente, foi o caso da jararaca-ilhoa”.
A pesquisadora afirma que a jararaca-ilhoa aprendeu a se virar na ilha e desenvolveu características diferentes da jararaca do continente.
De acordo com Lígia:
“A espécie que vive na ilha se alimenta de lacraias e pequenos anfíbios quando jovem, mas a alimentação passa a ser exclusivamente de aves na fase adulta e ocorre somente de duas a três vezes no ano. Vale ressaltar que elas não predam as aves residentes da ilha, que também aprenderam a se defender evolutivamente, mas somente aves migratórias que passam pelo local”.
A serpente, que chega a medir um metro na natureza, possui uma peçonha especializada em matar aves, sendo altamente potente contra esses animais.
A jararaca-ilhoa possui a ponta da cauda mais escura em comparação com a jararaca do continente, ela faz um movimento com a ponta da cauda (engodo caudal) imitando uma minhoca para atrair as aves, enquanto as primas fazem o mesmo movimento só que imitando larvas para atrair anfíbios.
Fonte foto: UniRio
Por ter um veneno parecido com o da jararaca continental, mesmo sendo mais potente para aves, acredita-se que também tenha um grande potencial para fármacos.
Como explica o ICMBio, embora seja considerada uma das serpentes mais venenosas do mundo, contraditoriamente, a jararaca-ilhoa pode salvar vidas. “Seu veneno é precioso aliado na criação de fármacos contra doenças cardíacas e circulatórias“.
Infelizmente essa é mais uma espécie criticamente ameaçada de extinção.
Como explica a bióloga Ligia Amorim:
“A espécie está criticamente ameaçada, principalmente por ser exclusiva de um só local e depender da sobrevivência e da conservação dele. Estima-se que ocorram de dois a quatro mil indivíduos da jararaca-ilhoa, que é vivípara e tem cerca de 10 filhotes a cada dois anos”.
A jararaca-ilhoa também foi e é alvo do tráfico ilegal de animais silvestres, justamente por possuir um veneno potente e sofre com as queimadas que ocorrem naturalmente na ilha.
A espécie também corre risco de extinção devido às queimadas feitas na ilha por pescadores.
A jararaca-ilhoa, ao longo da evolução, adquiriu uma funcionalidade diferente:
São as fêmeas que possuem o órgão copulatório dos machos, o hemipênis, que é o órgão reprodutor, porém é chamado de hemi-clitóris, por ser reduzido e até o momento não é provado que seja funcional.
A ilha é considerada no meio científico como o maior serpentário natural do mundo.
Por causa do perigo, o acesso à ilha é controlado e precisa de autorização do Governo Federal.
Uma espécie de cobra exclusiva da ilha é a Jararaca-ilhoa, uma das serpentes mais venenosas do Brasil. Se você for atacado por ela, morrerá após 2 horas. A espécie corre risco de extinção devido às queimadas feitas na ilha por pescadores e ao tráfico ilegal da espécie. pic.twitter.com/0QnxCFB2ch
— DANTAS (@Dantinhas) May 29, 2021
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Foto de Frederico Figueiredo: fêmea de Bothrops insularis / UniRio
Categorias: Animais
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