Na Grande Mancha de Lixo do Pacífico, cientistas encontram uma surpresa


Com tanto lixo despejado nos oceanos, cientistas encontraram animais marinhos que estão fazendo de sua casa restos de plástico em uma área de mar aberto conhecida como “Grande Mancha de Lixo do Pacífico” (Great Pacific Garbage Patch).

Pesquisadores colaboraram com o Ocean Voyages Institute para coletar detritos no oceano e encontraram espécies marinhas costeiras vivendo em pedaços flutuantes de plástico muito longe de seus habitats originais.

O estudo examinou itens de plástico com mais de 5 cm de diâmetro coletados de um giro — uma área onde correntes em círculo fazem com que detritos se acumulem — no oceano Pacífico.

Longe de casa

Muitas dessas criaturas são espécies costeiras, que passaram a viver a quilômetros de seus habitats usuais, numa área que fica entre a costa da Califórnia (EUA) e o Havaí.

Foram encontrados

  • plantas e animais, incluindo anêmonas;
  • pequenos insetos marinhos;
  • moluscos;
  • e caranguejos

em 90 % dos pedaços de plástico estudados que, além disso, estão ajudando a transportar espécies invasoras.

Giros infestados de plástico

O mundo tem pelo menos cinco giros infestados de plástico. Acredita-se que este do Pacífico tenha a maior quantidade de plástico — cerca de 79 mil toneladas numa região de mais de 1,6 quilômetros quadrados.

A pesquisadora, Linsey Haram, que conduziu o trabalho no Smithsonian Environmental Research Centre, alerta:

“Plásticos são mais permanentes que muitos dos detritos naturais que você costuma ver no mar aberto. Eles estão criando um habitat mais permanente nesta área. Todo tipo de coisa vai parar lá. Não é uma ilha de plástico, mas há definitivamente uma grande quantidade de plástico presa ali.

Queremos saber como o plástico pode ser um meio de transporte para espécies invasoras”.

Boa parte disso é microplástico — muito difícil de ver a olho nu. Mas também há itens maiores, incluindo redes de pesca abandonadas, boias e até barcos.

Espécies de zona costeira

Alguns dos organismos que os pesquisadores encontraram no plástico eram espécies de mar aberto — organismos que sobrevivem ao navegar no plástico flutuante.

Mas a descoberta mais impressionante, como afirma a cientista Haram, foi a diversidade de espécies costeiras no plástico.

“Mais da metade dos itens tinha espécies costeiras neles. Isso cria uma série de questões sobre o que significa ser uma espécie costeira”.

Segundos estudos, a estimativa é que um total de 25 bilhões de toneladas de lixo plástico terão sido geradas até 2050.

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Lara Meneguelli


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