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A vocalização da espécie Capra aegagrus hircus, conhecida popularmente como o bode (macho), cabra (fêmea) e cabrito (filhote), é chamada de balar, balir ou berregar (béééé). Como diferenciar quando é de choro, de tristeza ou não?
O berro dos cabritos é muito semelhante com um choro, então como distinguir quando eles estão tristes ou alegres?
Alguma vez você já se perguntou isso? Se não, saiba que na pesquisa do Google já fizeram a seguinte pergunta: como os cabritos choram?
Pensando nisso, este conteúdo traz a resposta e ainda apresenta fundamentos científicos para essa questão.
Bodes, cabras e cabritos vocalizam emoções e fazem isso de forma diferenciada, ainda que para pessoas desatentas possa parecer a mesma vocalização.
Estes animais são muito inteligentes, perspicazes e expressivos nas emoções.
Além disso, conseguem perceber e diferenciar sentimentos e emoções dos companheiros do rebanho e até de outros animais.
Leanne Lauricella, fundadora do Goats of Anarchy, um santuário para cabras com necessidades especiais localizado em Nova Jersey, relata várias situações de como as cabras são afetuosas e emotivas.
“Elas alimentam umas às outras.
As duplas ou grupos unidos comem juntos, brincam juntos e tomam Sol juntos.
Quando um de nossos filhotes perdeu o irmão gêmeo, uma outra cabra se deitou ao lado dele, se aninhou a ele e o confortou”, disse ela ao National Geographic
Só por esse relato dá para perceber que cabras são seres sentimentais.
Com base no comportamento peculiar desses animais, alguns estudiosos foram atrás de saber mais sobre como eles comunicam suas emoções.
Um estudo publicado no periódico Frontiers in Zoology, em 2019, evidenciou que cabras identificaram emoções de seus companheiros pelos sons emitidos em gravações transmitidas por alto-falantes.
Esse estudo foi realizado com cabras do santuário Buttercups Sanctuary for Goats, em Kent, Inglaterra, e trouxe à tona que as vocalizações são um canal potencialmente poderoso, para expressar emoções percebidas por membros da mesma espécie.
Conforme as vocalizações produzidas no alto-falante, as cabras reagiam de uma determinada forma, perceptíveis através do olhar e reações fisiológicas delas.
Por meio de observação, acompanhamento e vídeos, detectou-se a inteligência emocional desses animais e, confirmou-se que os sons que as cabras emitem são diferenciados conforme os sentimentos que expressam no momento.
Para fazer essa pesquisa foram realizadas várias etapas de investigação e estudo:
Os pesquisadores gravaram berros individuais de algumas cabras no momento quando elas estavam alegres, como por exemplo: recebendo alimentos
E também em outros momentos quando estavam tristes, ao serem isoladas do rebanho por cinco minutos, ou vendo outras cabras se alimentando e elas não
Vale salientar,que os pesquisadores não expuseram as cabras “isoladas” a cenários estressantes, portanto, os sons emitidos não eram de dor ou angústia, e sim de frustração.
Após esses momentos distintos, os estudiosos reproduziram a vocalização gravada para outras cabras, que estavam sendo acompanhadas com monitores cardíacos.
Dessa forma, eles descobriram que as cabras ficavam mais atentas quando vocalizações mudavam, indicando que elas distinguiam as emoções entre um som e outro e que elas demonstravam mais atenção e preocupação aos sons negativos, do que aos positivos.
A reação das cabras foi vista pelo principal autor desta pesquisa, Luigi Baciadonna, como um comportamento óbvio.
“É necessário estar mais alerta com [a possibilidade de] um perigo do que quando se está em uma festa celebrando com os amigos”, explica.
Em termos fisiológicos, o estudo constatou algumas diferenças nas reações das cabras frente às diferentes vocalizações de outros de seus companheiros.
Quando elas escutavam emoções alegres, ocorria uma maior variação na duração do tempo entre as batidas cardíacas, o que, diga-se de passagem, é sinal de boa saúde nos mamíferos.
Através desse estudo foi possível constatar que as cabras ficavam atentas ao que se passava no ambiente, expressavam suas emoções por meio de vocalizações e se identificavam com as emoções de seus semelhantes.
Em outro estudo anterior, em 2015, um grupo de pesquisadores já havia observado os sinais emitidos que diferenciavam as emoções das cabras.
Esse estudo também foi realizado com cabras do santuário Buttercups Sanctuary for Goats.
Para poder descobrir esses sinais, os pesquisadores utilizaram ferramentas convenientes e não invasivas, através das quais foi possível avaliar as emoções das cabras medindo suas respostas fisiológicas, comportamentais e vocais em situações, como:
Em resposta à essas situações, as cabras expressavam diferentes níveis de reações e excitação, avaliados a posteriori pelas frequências cardíacas medidas durante os testes.
Nas situações negativas, de frustração, as cabras apresentaram menor variabilidade da frequência cardíaca e maiores taxas de respiração.
Vale lembrar que uma baixa variabilidade de batimentos cardíacos está relacionada à depressão, ansiedade e estresse pós-traumático em humanos.
Além disso, as cabras exibiam mais movimentos de cabeça, moviam-se mais, apresentavam a orelhas para trás com maior frequência, produziam mais chamadas (vocalizações) altas e com maior energia, porém oscilantes.
Em situações positivas, as cabras apresentaram as orelhas voltadas para trás com menos frequência e ficaram mais tempo com o rabo para cima, do que em situações negativas.
Elas também produziam chamadas nas quais as frequências fundamentais eram menos variáveis, ou seja, o tom da chamada era mais estável, não subia e descia tanto quanto nos estados negativos.
Frente a todas essas informações podemos concluir que quando os cabritos choram, eles produzem maior quantidade de vocalizações, com som mais alto e enérgico e com muitas oscilações sonoras variando entre subidas e descidas.
Outras reações podem ser de movimentar mais a cabeça, colocar com mais frequência as orelhas para trás, ficarem mais ofegantes e tendentes a manter o rabo para baixo.
Com tudo isso, é perceptível que as cabras têm um jeito distinto de perceber e expressar suas emoções.
Nesse contexto, é oportuno lembrar que, apesar desses seres se mostrarem tão empáticos, sensíveis e perceptivos em relação aos sentimentos e emoções, infelizmente, não são percebidos dessa forma pelos humanos consumidores dos alimentos derivados destes animais e nem muito menos pela indústria produtora da carne e do leite extraídos deles.
Esperamos que essas informações possam alertar sobre as muitas semelhanças dos animais com os humanos, até para respeitar e levar em conta as emoções e sentimentos destas criaturas.
Veja também o estudo abaixo que mostra a capacidade das cabras distinguirem as emoções:
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Categorias: Animais
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