Sucuri: a maior serpente brasileira. Essa e outras curiosidades sobre a Majestade dos Rios


Loucos por serpentes sabem que a sucuri é a maior serpente do Brasil. O nosso país é um dos mais ricos em biodiversidade de répteis.

Conheça algumas curiosidades sobre a sucuri e se apaixone por ela.

A sucuri pertence ao gênero Eunectes, que faz parte da família dos Boídeos, a qual está inserida a sua parente jiboia.

O nome Eunectes vem da palavra grega Eυνήκτης, que significa “bom nadador”. Do Tupi guarani o nome suú-curi significa morde depressa.

Veja quanta coisa interessante sobre esse ser majestoso.

Curiosidades

Existem 4 espécies de sucuri e 3 delas estão espalhadas pelo Brasil. A outra vive na Bolívia e seu nome científico é Eunectes benienses.

As espécies brasileiras de sucuri

As espécies de sucuris brasileiras são:

Eunectes murinus

Que é a sucuri-verde, a maior das outras espécies, que vive em áreas alagadas do Cerrado e da Amazônia.

Esta sucuri é marrom ou verde-escura, com manchas pretas ovais.

Eunectes notaeus

Trata-se da sucuri-amarela ou sucuri-do-sul, vive no Pantanal.

Ela tem a cor acobreada ou amarelo-esverdeada, com manchas pretas.

Eunectes deschauenseei

Conhecida como sucuri-malhada, que é encontrada na Ilha de Marajó.

Uma das maiores do mundo

A sucuri é uma das 2 maiores cobras do mundo.

A píton reticulada (Malayopython reticulatus) é a cobra mais longa do mundo, atingindo regularmente mais de 6,25 metros de comprimento. Mas a sucuri é a maior em termos de volume. A sucuri mais pesada já registrada foi de 227 quilos. Seu corpo é bem volumoso e grosso, podendo medir 30 centímetros de diâmetro.

O desenvolvimento de seu tamanho ocorre durante toda a sua existência.

Ela pode chegar a viver 30 anos (em cativeiro).

Majestade dos Rios

Essa cobra tem hábito de caça noturno, por isso captura suas presas a noite, quando fica à espreita, de alimento.

O habitat da sucuri abrange tanto a água dos rios, como a parte terrestre, por isso é um animal semi-aquático. Por essa característica, é conhecida como Majestade dos Rios.

Por ser um réptil que se movimenta mais rápido na água, a sucuri prefere ambientes alagados. Por isso, é comum encontrá-la em regiões pantanosas.

Como os olhos e nariz da sucuri ficam na parte de cima da cabeça, ela pode se movimentar, olhando por cima da água.

Outros nomes da sucuri

As sucuris também são conhecidas pelos nomes populares:

  • anaconda
  • boiaçu
  • boiunas
  • viborões
  • arigboias
  • sucuriju
  • sucurijuba

Alimentação

A sucuri é carnívora e se alimenta principalmente de animais como aves, tartarugas, capivaras, peixes e jacarés.

Embora não seja venenosa, é altamente predadora devido aos seus ossos constritores e acertabilidade no ataque às presas. Inclusive, ela é capaz de se alimentar de outros animais maiores que ela como cabras e até onças.

Estrela de filme de terror

Devido a estas características, criou-se um estigma assustador em torno dessa cobra, a ponto de em 1997 ter sido lançado o filme de terror Anaconda, gravado no Brasil e no Peru.

Mas a sucuri, como qualquer outro animal, não é mau por natureza. Os animais apenas se defendem, e sobrevivem às intempéries da vida.

Acasalamento. Vídeo mostra detalhes

A época de acasalamento do gênero Eunectes ocorre na Primavera.

Nesse período, a sucuri fêmea libera feromônios para atrair os machos para o acasalamento e consequentemente para a reprodução.

Quando um macho é aceito pela fêmea, ele enrola-se em torno dela e se posiciona próximo de sua cloaca, onde ele usa sua espora pélvica para estimular a fêmea a permitir a penetração.

Sete meses depois do acasalamento, a sucuri fêmea dá à luz a seus filhotes.

Cada ninhada da sucuri pode chegar de 14 a 82 filhotes, dependendo da espécie de sucuri.

Ao nascer, cada filhote mede mais de 60 centímetros de comprimento.

Veja neste vídeo do canal Maiores do Mundo como ocorre o acasalamento e a reprodução da sucuri:

Canibalismo sexual

O canibalismo é algo que pode ocorrer com a várias espécies de sucuris, tanto fora do período de reprodução, como na época do acasalamento.

O canibalismo sexual foi confirmado na espécie E. murinus, a sucuri-verde.

Esse comportamento pode ocorrer após o cruzamento, devido a fêmea estar muito tempo sem comer, e por isso acaba devorando o macho.

Ao fazer isso, ela obtém uma refeição rica em proteína pós-copulatória, adquirindo nutrientes para a formação de seus filhotes.

Mito Indígena relacionado à sucuri

Existe várias simbologias relacionadas às cobras, uma delas é um mito indígena Kaxinawá relacionado com a sucuri e a origem da Ayahuasca, cuja lenda conta ter existido um homem, chamado Yube, que se apaixonou por uma mulher, que virava sucuri.

Por amor à ela, Yube permitiu ser transformado em sucuri, passando a viver junto com ela nas profundezas dos rios.

Um dia, ele resolveu retornar à sua família e pisar novamente na terra, em forma de humano, trazendo consigo o que havia descoberto durante o tempo que viveu nas profundezas das águas.

Yube descobriu uma bebida curativa, feita à base de plantas, com propriedades medicinais e de poderes extraordinários. Ele compartilhou esse conhecimento com sua família, que mesmo após sua morte, seguiu difundindo o conhecimento sobre a Ayahuasca.

O mito do sufocamento

Um estudo publicado em 2015 desmontou o mito da morte por sufocamento destes répteis contra suas presas. Na verdade o que ocorre é uma interrupção da circulação sanguínea nas presas. Desse modo, as presa perdem os sentidos em poucos segundos com a interrupção do fornecimento de oxigênio a seus órgãos vitais. A falta de oxigênio, chamada isquemia, destrói rapidamente os tecidos que compõem cérebro, fígado e coração.

A constrição, que é o método que estes répteis usam para abater suas presas, é portanto um aperto forte, rápido e eficaz. Aquele abraço final!

Comparação de tamanho da sucuri com outras serpentes

A sucuri está entre as maiores serpentes do mundo.

Algumas destas cobras são:

Píton-Indiana

A píton-indiana pode medir até 8 metros de comprimento.

Como já dito, a sucuri perde em termos de comprimento para a píton-indiana. Porém, em termos de volume é mais pesada.

A capacidade da píton-indiana de devorar é enorme, a ponto dela abrir tanto a boca e conseguir engolir um animal grande.

Ela consegue esse intento porque os ossos de sua mandíbula têm mobilidade.

Píton-Real

A píton-real, natural do sudeste asiático, pode chegar a mais de 7 metros. Porém, comparada com a sucuri, em termos de espessura, a píton-real é mais adelgada.

Jiboia

A jiboia é a segunda maior cobra de nosso país.

Ela pode alcançar em torno de 4,5 metros de comprimento.

Essa cobra tampouco é venenosa, porém é bastante predadora e mata ferozmente suas presas por constrição.

Píton-Diamante

A píton-diamante é conhecida por esse nome porque seu corpo é marcado por desenhos que lembram pequenos diamantes.

Ela pode chegar a 3 metros ou mais.

Essa serpente não é venenosa, mas é assertiva com suas presas, podendo matar rapidamente outros animais.

Surucucu

A surucucu, também chamada de pico-de-jaca é uma cobra brasileira que pode chegar a até 3 metros.

Cobra-índigo

A cobra-índigo é uma das maiores da América e vive nos Estados Unidos.

Esta cobra pode chegar a até 2,80 metros de comprimento e não é venenosa.

Cascavel do Texas

A cascável-do-Texas pode chegar a 2,13 metros.

Em comparação com as outras cobras maiores, esta possui picada bem perigosa.

Cobra Marrom Oriental

A cobra-marrom-oriental é encontrada na Austrália e considerada a segunda cobra mais venenosa do mundo.

Pode chegar a 1,80 metro de comprimento ou mais.

Sucuri e outras serpentes brasileiras em risco

A sucuri precisa de muito espaço para viver e sem a conservação de seu habitat, a preservação dela está sob ameaça.

Estudos e pesquisas de anos atrás, já apontavam para a triste realidade de 22 espécies de serpentes brasileiras, entre as quais a sucuri, que estavam perdendo seus habitats, ficando restritas a pequenas áreas onde a natureza ainda não fora devastada, por conta do avanço urbano e agrícola, fatores que ameaçam a sobrevivência desse animais.

A importância da preservação dos habitats onde vivem as sucuris

Apesar do temor que o tamanho da sucuri causa, o perigo maior está no que o humano está fazendo aos biomas nos quais elas estão inseridas. Não só a esta espécie de serpente, como a várias outras.

Isso faz com que esses répteis fujam acuados e venham parar em regiões urbanas ou áreas com moradias rurais.

Nesse contexto, é importante a conscientização e educação da população, a fim de zelar pela preservação das espécies e seus habitats.

É necessário também ações governamentais e ambientalistas para protegê-las, já que com o desmatamento e as queimadas estas espécies estão sendo reduzidas, prejudicando toda uma biodiversidade que depende da existências delas para se manter em equilíbrio.

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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