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Nesta época do ano, o calor faz “brotar” animais indesejados para o nosso convívio. Um desses animais que todo o verão tira o sono de muita gente é o escorpião.
A BBC News Brasil fez uma reportagem sobre a infestação de escorpião no interior de São Paulo. Em alguns casos, pessoas tiveram que mudar de suas casas ao encontrarem, em um período de apenas 20 dias, 10 exemplares da espécie.
Não apenas no interior do estado de São Paulo, mas em todo o Brasil, tem sido registrado o aumento do número de casos de acidentes com escorpiões. O Ministério da Saúde, a pedido da BBC, fez um apanhado histórico sobre o número de picadas desses aracnídeos no país. De 2010 para 2017, o número passou de 52.509 acidentes para 124.903, o que equivale a 138% de aumento de registro de casos. As mortes registraram 152% de aumento, saltando de 74 em 2010 para 187 em 2017.
O escorpião é o animal peçonhento que mais causa mortes no Brasil, tendo ultrapassado os casos de morte provocados por cobras. Os estados onde há mais casos registrados são São Paulo e Minas Gerais.
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Desde 2009, o Ministério da Saúde tem realizado campanhas educativas para os profissionais de saúde dos estados orientando-os sobre o animal.
O Instituto Butantan, que fabrica o soro antiescorpiônico, vem participando dessas campanhas elaborando vídeos educativos para médicos e agentes de saúde sobre os temas vigilância, prevenção e assistência das vítimas.
De acordo com a médica e gestora de projetos do Núcleo Estratégico de Venenos e Antivenenos do Butantan, Fan Hui Wen, o objetivo desses vídeos é orientar esses profissionais a não subestimarem casos de envenenamento que requeiram o uso imediato do soro.
Outra instituição parceira para entender o que está acontecendo com o surto de escorpiões é a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), que vai iniciar uma pesquisa inédita para mapear a evolução dos casos e compreender o comportamento da espécie. Na região sudeste, o mais comum é o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus).
“Precisamos entender como o escorpião se comporta, como ele se desloca. Ele não anda quilômetros, ele é levado de um lugar para o outro. Hoje em dia já nem conseguimos dizer mais qual é o seu habitat natural, de tão bem que ele se adaptou às áreas urbanas”, diz Wen.
Com toda essa inteligência, espera-se contribuir para a população com novas estratégias de combate às picadas de escorpião. Mas, para isso, as agências sanitárias dos municípios precisam alterar a sua forma de fiscalização, tal qual ocorre com a dengue.
“O agente de saúde vai de casa em casa buscando focos de dengue para evitar casos, certo? Não dá mais para trabalharmos de forma isolada. Os municípios precisam incluir a busca de focos de escorpiões na rotina e fazer com que os agentes procurem o escorpião além do mosquito da dengue”, sugere Wen.
Algum desequilíbrio deve estar havendo para que tantos escorpiões saiam de suas tocas, certo? Embora o Ministério da Saúde não tenha uma resposta definitiva para dar, a hipótese é de que o aquecimento global esteja interferindo na reprodução da espécie na última década.
Wen explica que:
“Os escorpiões gostam de ambientes quentes e úmidos. Há inúmeros estudos sendo feitos analisando o aumento da temperatura com o aparecimento dos escorpiões”.
Outro fator relacionado ao crescimento dos casos envolvendo picadas do animal é a urbanização desordenada, que gera acúmulo de lixo e, consequentemente, o aparecimento de baratas. É aquela máxima: onde há baratas, há escorpiões.
O biólogo Randy Baldresca destaca que, diariamente, uma pessoa produz 1 kg de lixo. O lixo atrai baratas e estas são alimento para o escorpião. Outro dado interessante da espécie é que a fêmea não precisa do macho para se reproduzir, já que realiza a partenogênese, um processo no qual sozinha libera de 20 a 30 filhotes por ciclo reprodutivo. Tudo de que ela precisa é: calor, umidade, comida e abrigo.
É preciso entender que o escorpião não é o vilão dessa história, por isso, é preciso respeitá-lo como ser vivo.
Não existe um veneno específico para combater esses animais, logo a dedetização não é totalmente eficaz, além de não ser ética do ponto de vista ambiental. O veneno não provoca a morte do escorpião porque ele tem um exoesqueleto que o protege. O máximo que acontece é ele ficar grogue e mudar-se de lugar.
É claro que bate aquele desespero quando nos deparamos com escorpiões. Então, o que pode ser feito? Wen orienta que as pessoas mudem seu comportamento, deixando suas casas limpas do lado de dentro e do lado de fora.
O GreenMe fez uma matéria sobre o que atrai os escorpiões e como evita-los. Confira:
Caso seja picado pelo animal, procure imediatamente o posto de saúde mais próximo para que você receba o soro, caso seja necessário. O veneno inoculado pelo escorpião é neurotóxico, isto é, ele ataca o sistema nervoso central – e pode ser letal. Por isso, o socorro imediato é fundamental.
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Categorias: Animais, Informar-se
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