Prepare-se para cenas de pura beleza que escondem um alarmante perigo!
O Instituto Butantan, que é o principal produtor de imunobiológicos do Brasil e responsável por uma grande porcentagem da produção nacional de soros hiperimunes e de antígenos vacinais, fez um alerta sobre o perigo de envenenamento provocado por um tipo de taturana do gênero Lonomia.
O nome taturana, do tupi antigo tataûrana, significa “que se parece com fogo escuro”.
Como explica o G1, a Lonomia é um inseto em fase larval que apresenta quatro estágios de desenvolvimento – ovo, lagarta, pupa e mariposa. Acontece que, na fase de larva, a lagarta possui cerdas com uma espécie de espinhos que contêm um veneno. Em contato com a pele, provoca ardência, dor e sangramentos.
Fonte foto: Wikipedia
Em 2017, foram registrados 741 acidentes, segundo o Ministério da Saúde, os quais acarretam dor, queimação, inchaço e vermelhidão no local em que a Lonomia atinge. Além disso, esse bichinho que, embora lindo é bastante perigoso, pode levar a pessoa exposta ao seu veneno a desenvolver uma síndrome hemorrágica, com sangramento na gengiva e na urina, e complicações como insuficiência renal aguda, o que pode levar à morte na ausência de tratamento adequado.
O Instituto Butantan produz o soro antilonômico, responsável por reverter os efeitos de envenenamento, desde 1994. Aliás, o centro brasileiro é referência internacional, já que é o único no mundo que produz o medicamento.
O soro é desenvolvido a partir do próprio veneno do animal, assim como ocorre com o envenenamento de serpentes. Para produzir o soro, o Instituto recebe, anualmente, as taturanas graças ao apoio de secretarias de saúde da região Sul do Brasil. Segundo Fan Hui Wen, gestora de projetos do Núcleo Estratégico de Venenos e Antivenenos do Butantan: “Existe uma cadeia de participação para a produção do soro que envolve a população, órgãos de saúde e o Instituto Butantan”.
Nem sempre os acidentes com Lonomia provocam envenenamento. A gravidade do caso depende da quantidade de lagartas em contato com a pessoa e quantidade de veneno inoculado. Quando há pressão sobre as suas cerdas, o volume de veneno inoculado é maior.
O desmatamento é o principal fator que facilita o contato da lagarta com o homem, uma vez que, com a expansão populacional, tem aumentado a construção de moradias em áreas próximas à vegetação nativa. Conforme explicado pelo pesquisador Roberto Henrique Pinto Moraes, em uma reportagem da USP de 2002: “O desmatamento é o responsável pelo aumento populacional da taturana; o número de acidentes é consequência”.
Outra razão para o aumento do número da população de Lonomia é a extinção de seus predadores naturais. Os seus principais predadores, uma mosca da família Tachinidae e o vírus loobMNPV, têm sido vítimas também do desmatamento e dos agrotóxicos, cujo uso só vem crescendo no país. Seguindo o alerta de Moraes, a conscientização é a melhor forma de reduzir os acidentes, a fim de reconhecer a lagarta e saber como evitá-la.
Que ela é bonita, ah… isso é. Acaba que a sua singularidade ajuda no seu reconhecimento.
Nós lembramos de não matar nenhum animal, por mais perigosos que seja, cada um tem seu papel no ecossistema e sua importância para a Vida na Terra. Respeitemos seus habitats naturais para não sofrermos as consequências da intervenção humana sobre a natureza (neste caso, como vimos, o desmatamento e o uso de agrotóxicos).
O vídeo abaixo mostra a Lonomia obliqua com toda a sua singular beleza, em ambiente natural.
Este vídeo do Repórter DF mostra um caso de acidente no Brasil:
Fotos: Lonomia obliqua – Roberto Moraes
Fontes:
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Categorias: Animais
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