Estudo revela números e espécies dos animais mais caçados na Amazônia no século XX


Muito se fala dos animais que estão na lista de ameaçados de extinção como forma de alertar sobre as formas de dominação dos seres humanos sobre a natureza e evitá-la. Ficamos sabendo, por meio de muitos levantamentos, quantos indivíduos ainda restam de suas espécies, mas um estudo inédito acaba de levantar o número de animais dizimados na Amazônia durante o século XX.

O levantamento, feito em parceria entre pesquisadores brasileiros e britânicos e publicado na revista científica Science Advances, concentrou-se em quantificar o impacto da caça na Amazônia durante as seis primeiras décadas do século passado. O resultado é devastador: foram mortos 23,3 milhões de mamíferos e répteis de, pelo menos, 20 espécies, segundo informa a Veja.

O principal objetivo da caça aos animais era a obtenção de suas peles. Ainda hoje, muitas das espécies, sobretudo as aquáticas, não superaram o extermínio.

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A pesquisa identificou que houve dois períodos significativos de caça: durante a II Guerra Mundial e nos anos 1960. No primeiro período, um grande contingente de trabalhadores para explorar a borracha chegou às terras amazônicas, para substituir o látex pelo comércio de peles com o intuito de exportar o produto para Estados Unidos, Europa e vendê-lo para o Sul do Brasil. Já na década de 1960, a caça foi alimentada pela indústria da moda. Para você ter uma ideia, entre os anos de 1930 e 1960, os dez animais mais visados rendiam lucros de, aproximadamente, 500 milhões de dólares. Só em 1967 é que a caça foi oficialmente proibida no Brasil, o que não evitou a sua exploração até 1969.

Quais são as espécies mais caçadas?

Para identificar as espécies mais visadas pelos caçadores de animais, a pesquisa buscou informações em diferentes bancos de dados e chegou às seguintes informações: caititu (uma espécie de porco selvagem), jacaré-açu, capivara, onça-pintada, peixe-boi, ariranha e lontra. Algumas espécies aquáticas, como a ariranha, estão extintas em muitas regiões.

Os pesquisadores esperam que o estudo possa ajudar no desenvolvimento de programas de conservação das espécies. Eles propõem que: “A relativa capacidade de adaptação das espécies terrestres sugere uma grande oportunidade para gerenciar, em vez de criminalizar, a caça tradicional de subsistência na Amazônia, por meio de programas de conservação, com base científica, que reúnam também os habitantes locais”.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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