Leoas-leões: na natureza acontece de tudo


Se nós, humanos, prestássemos mais atenção nos fenômenos da natureza, trataríamos de forma natural muitos comportamentos que acabam sofrendo juízos de valor, transformando-se em preconceitos.

Um grupo de cientistas, liderado pelo zoólogo britânico Geoffrey Gilfilla, da Universidade de Sussex, começou a investigar cinco leoas com juba de leão que apresentavam um comportamento masculino, em Moremi, no delta do rio Okavango. Uma das leoas chega até mesmo a rugir como um macho para marcar território, além de montar em outras fêmeas, segundo informa o El Pais.

Uma outra leoa, na África do Sul, também desenvolveu uma juba, após ter perdido os ovários, o que gerou um aumento de testosterona em seu organismo. Por causa disso, ela foi batizada de SaF05, em referência à poetisa grega Safo de Lesbos, símbolo do lesbianismo.

O objetivo da pesquisa liderada por Gilfillan é investigar as comunicações entre os leões do delta do Okavango. A equipe pretende desenvolver um sistema de gravações de rugidos para ser usado com alto-falantes. Essa técnica faria com que os leões fossem afugentados ao se aproximarem do gado. O novo estudo foi publicado na revista científica African Journal of Ecology.

O caso das leoas-leões já havia sido, há três anos, estudado por Simon Dures, da Sociedade Zoológica de Londres, que constatou: “Tem genitais femininos completos e intactos, sem nenhuma evidência de pseudopênis nem nada que sugira ser hermafrodita. Seus lábios e o clitóris são relativamente grandes em comparação com os de uma fêmea normal”.

Segundo a revista New Scientist, a provável causa do fenômeno é a elevação do nível de testosterona nas leoas. Acontece que os machos, ao serem castrados, produzem menos o hormônio masculino e a sua juba acaba desaparecendo, enquanto com essas leoas fêmeas ocorre o contrário. Segundo especialistas, elas sofrem de uma anomalia genética. Eles não acreditam que isso possa ser expandido para outros indivíduos da espécie, considerada como vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional pela Preservação da Natureza.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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