A salvação de Nemo


Enquanto “Finding Dory”, o follow-up de grande sucesso da Disney “Procurando Nemo”, chega aos cinemas em junho, pesquisadores australianos estão preocupados se o filme terá um impacto negativo sobre as populações de peixes selvagens em recifes de coral.

Quando o primeiro filme saiu, há mais de uma década atrás, as pessoas queriam ter seu próprio Nemo. Pesquisadores da Universidade de Queensland e da Universidade Flinders afirmam que as populações de peixe-palhaço selvagens têm diminuído desde o lançamento do filme. Algumas populações caíram cerca de 75% nos recifes analisados, dizem. Os pesquisadores temem agora que o novo filme tenha um impacto semelhante sobre os peixe-palhaços e espécies marinhas ornamentais. “O que a maioria das pessoas não percebem é que cerca de 90 por cento dos peixes marinhos encontrados em lojas de aquários vêm do ambiente selvagem,” disse em um comunicado Carmen da Silva, da Universidade de Queensland e coordenadora do projeto para o Fundo de Conservação Saving Nemo.

Os pesquisadores criaram o fundo para educar as pessoas na esperança de impedi-las de comprar espécies marinhas ornamentais. “Populações de peixes Reef já estão lutando devido a temperaturas mais quentes do mar e acidificação dos oceanos, causadas pelo aquecimento global”, disse da Silva. “A última coisa de que precisam é serem arrancados dos recifes.”

O grupo de conservação está na esperança de receber a atenção da apresentadora de talk show Ellen DeGeneres, que fornece a voz para Dory em ambos os filmes. Eles já iniciaram uma ambiciosa campanha de mídias sociais pedindo às pessoas para compartilharem selfies com a hashtag #fishkiss4nemo na esperança de reunir um milhão de fotos e apoio de DeGeneres.

A cofundadora e diretora do Fundo, Anita Nedosyko, estava trabalhando em uma loja de aquário quando o primeiro filme foi lançado e disse que ficou chocada ao ver o aumento do número de pessoas que queriam comprar um peixe-palhaço. “As pessoas se apaixonaram pelos personagens adoráveis e queriam mantê-los como animais de estimação, ao invés de compreender a mensagem da conservação do filme, de manter Nemo no oceano onde ele pertence”, disse ela.

Os investigadores estão executando um programa de reprodução em cativeiro de peixe-palhaço, vendendo o peixe sustentável para lojas de aquário. Até agora atuam apenas em Brisbane e Adelaide, mas eles dizem que esperam eventualmente ramificar-se para outras áreas. Os pesquisadores dizem que os peixes criados em cativeiro são mais saudáveis e mais felizes em tanques de peixes selvagens capturados.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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