Botos da baía de Guanabara contaminados por metais pesados


Se as águas estão contaminadas, os seres que nelas habitam, também estarão! È o que está ocorrendo com o boto-cinza na Baía da Guanabara. Está morrendo, sendo extinto.

O boto-cinza, símbolo impresso no brasão da cidade do Rio, é o topo da cadeia alimentar da baía e está se extinguindo rapidamente. De 800 indivíduos, população registrada em 1970, hoje restam somente 36.

Esta discussão permeia a situação da baía da Guanabara, no Rio de Janeiro e foi levantada pelo coordenador das atividades de mamíferos aquáticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, José Lailson Brito na audiência pública sobre a baia, ocorrida na segunda (10), na Assembléia Legislativa do Rio.

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“Garanto que se formos analisar o tecido adiposo, o sangue e a urina de boa parte dos que estão aqui e que eventualmente interagem com a baía de Guanabara, que se alimentam de pescado da baía, certamente têm os mesmos contaminantes“, disse. “Esses mesmos produtos que estão lá no tecido desses animais, fazendo um efeito ruim, estão na gente. É um problema de saúde pública”.

Essa situação também está ocorrendo já em outras baías marítimas da região como Sepetiba e da Ilha Grande, alerta Lailson Brito. Segundo o pesquisador, a transformação da baía da Guanabara para um uso industrial intenso, derivada do aumento de tráfego e da dragagem de lodo, por conta do incremento das atividades petroleiras da região é a causa mais clara e direta dos impactos negativos ocorrentes sobre a fauna marinha.

“Os botos são o retrato do que é a baía de Guanabara, que virou um estacionamento de navios, são mais de 80 navios fundeados”, disse. O oceanógrafo alertou que a poluição acústica produzida por essas embarcações também é preocupante. “O ruído debaixo d’água nas áreas de fundeio é um absurdo e espanta a fauna”.

No caso da baía da Guanabara, a questão da poluição não advém somente do esgoto urbano in natura que lá é despejado há décadas mas, também agora, da lama assentada no fundo desta, que está sendo dragada. Segundo o pesquisador, estão sendo dragadas três a quatro áreas de lama do tamanho do Maracanã e que 30% desse material estão contaminados por metal pesado: “É a verdadeira tabela periódica e é isso que está acabando com a pesca e com os botos. O interesse do capital é que está prevalecendo“.

“O pré-sal elegeu a baía de Guanabara como o centro de operações. Há vários terminais, estaleiros, em virtude da indústria do petróleo, e uma pressão para aumentar as áreas de fundeio, algo completamente absurdo, como em áreas próximas às de proteção ambiental”, denunciou.

Não há como fugir do efeito acumulativo da contaminação na cadeia alimentar, seja em terra, seja no mar, mas há como se escolher mais a vida, menos o lucro.

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Fonte foto: wikipedia.org




Redação greenMe

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