Visons, animais explorados pela indústria da moda, podem ser os transmissores do coronavírus ao homem


Um estudo recente acaba de descobrir que, além do morcego e do pangolim, um outro animal pode ser vetor do novo coronavírus.

A hipótese inicial de que morcegos teriam infectados animais comercializados em mercados de Wuhan fomentou a discussão sobre como a fauna selvagem estaria reagindo ao ser humano. A suspeita está ganhando força, inclusive, com a recente descoberta de que o vison também poderia ser um transmissor do vírus.

O vison, um animal explorado pela indústria de peles, pode ser um vetor do coronavírus por causa da semelhança do código genético do vírus encontrado no animal e em um homem infectado na província de Brabante, nos Países Baixos. Embora a relação conclusiva seja ainda prematura, de acordo com os cientistas ela alerta para a transmissibilidade do vírus por animais.

Os cientistas do Centro de Pesquisa Bioveterinária da Universidade de Wageningen (WBVR, na sigla em inglês) chegaram a essa hipótese após um surto de coronavírus em quatro fazendas de visons dos Países Baixos, que ao todo têm 140 propriedades desse tipo.

O pesquisador-chefe da área de Vírus Emergentes e Zoonoses da WBVR, Wim van der Poel, ao El Pais. explica que:

“Para estar completamente seguros, teríamos que fazer o mesmo, sequenciar o código genético do vírus, com amostras extraídas de todas  as pessoas que trabalham e têm relação com a fazenda e tiveram a doença. Mas acho que há poucas possibilidades de encontrar outro parecido com esse. Em outros casos, o contágio mais provável foi da pessoa, já com sintomas, ao vison”.

Os pesquisadores também encontraram o coronavírus em gatos que vivem nas fazendas, o que fez o Ministério da Agricultura dos Países Baixos expandir a análise viral para outros locais, por exemplo, onde se criam porcos, para entender melhor essa relação de contágio entre outros animais e os seres humanos.

Outro problema que se coloca após essa descoberta é que os mustelídeos tenham que ser sacrificados. A Federação de Criadores de Animais à Peleteria informou que está coletando amostras em todas as 140 fazendas, que fomentam uma indústria em vias de extinção nos Países Baixos por sua falta de ética, conforme uma sentença judicial de 2016.

Em relação aos gatos infectados, a capacidade de os animais domésticos serem vetores do vírus para seres humanos é remota. De acordo com o veterinário Julio Álvarez, consultado por El Pais, não se pode descartar a possibilidade que o gato seja um transmissor de infecção para seres humanos, entretanto, não há evidências da contribuição do animal do ponto de vista epidemiológico.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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