Nos últimos anos, a ciência tem revelado aspectos surpreendentes sobre a consciência animal, estendendo essas descobertas para além dos mamíferos e aves, alcançando os invertebrados como crustáceos, moluscos e insetos.
A Declaração de Nova York sobre Consciência Animal, apresentada recentemente por um grupo influente de cientistas, busca revolucionar a nossa percepção e tratamento desses seres frequentemente negligenciados.
Historicamente, a comunidade científica via esses animais como simples autômatos, desprovidos de capacidade para sentir ou sofrer. No entanto, pesquisas avançadas dos últimos dez anos apontam para uma realidade diferente, onde mesmo esses seres aparentemente simples exibem comportamentos que sugerem experiências conscientes e subjetivas, como dor, alegria e até mesmo luto.
Esta mudança de paradigma é apoiada por evidências empíricas sólidas. Por exemplo, estudos com polvos revelam que eles evitam lugares onde tiveram experiências dolorosas, indicando uma memória emocional. Além disso, camarões e chocos demonstram comportamentos que sugerem ansiedade e capacidade de memorização detalhada de eventos, respectivamente.
A declaração, apresentada na Universidade da Big Apple, vai além do acadêmico e entra no ético, destacando práticas cruéis e desumanas em métodos de captura e abate, como o cozimento de crustáceos vivos.
O Reino Unido já deu passos ao reconhecer os cefalópodes e crustáceos decápodes como seres sencientes em sua legislação de bem-estar animal, exigindo abordagens mais humanas em seu manejo.
Os signatários da declaração argumentam que, ao reconhecer a capacidade de sofrimento desses animais, devemos revisar e melhorar significativamente as práticas envolvendo seu tratamento em pesquisas, indústria alimentícia e outras áreas.
Exemplos como o reconhecimento legal de cetáceos como “pessoas jurídicas” em alguns lugares do mundo ilustram como a percepção sobre a consciência animal está evoluindo.
Portanto, a Declaração de Nova York sobre Consciência Animal é um chamado para uma mudança global nas atitudes e práticas. Reconhecendo a possibilidade de consciência em invertebrados, devemos agora ponderar seriamente sobre as implicações éticas de nossas interações com eles, ajustando nossas leis e comportamentos para alinhar-se a um entendimento mais profundo e respeitoso da vida animal.
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Categorias: Animais
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