Límulo: O Animal de Sangue Azul Explorado para Fins Medicinais


Límulo (Limulus polyphemus), também conhecido como “caranguejo-ferradura”, é uma criatura fascinante que habita as águas rasas do oceano Atlântico, na costa leste da América do Norte e do Golfo do México. Apesar do nome popular, essa espécie pertence ao subfilo Chelicerata do grande filo dos artrópodes, sendo portanto um parente mais próximo dos escorpiões, aranhas, carrapatos e ácaros, do que dos caranguejos que fazem parte do subfilo Crustacea. Esses animais têm uma história evolutiva antiga e são considerados fósseis vivos, com aproximadamente 450 milhões de anos de existência, o que os torna uma das espécies mais antigas do planeta.

©NHM

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Ocorrência e Comportamento

Os Límulos são encontrados no Golfo do México e ao longo da costa atlântica da América do Norte, principalmente em águas costeiras rasas, onde se enterram na areia e lodo em busca de alimento. Sua principal área de migração anual é a Baía de Delaware, entre Delaware e New Jersey, nos Estados Unidos.

São animais noturnos e se alimentam de pequenos organismos encontrados no fundo do oceano. Durante o dia, tendem a permanecer enterrados para evitar predadores e conservar energia.

Características Físicas e Evolutivas

Os Límulos possuem características físicas distintivas, incluindo uma carapaça em forma de ferradura, que os protege de predadores e fornece suporte estrutural. Seu corpo é dividido em três partes principais: o prosoma, que contém os olhos compostos e apêndices sensoriais, o opistossoma, que abriga os órgãos internos, e a cauda em forma de espinho. A concha ou carapaça tem cores que variam do cinza esverdeado ao marrom escuro.

Mas a sua característica mais notável é o seu sangue azul, que ocorre devido à presença de uma proteína chamada hemocianina, que transporta oxigênio nas células sanguíneas. Além disso, os Límulos têm uma notável capacidade de regeneração, podendo regenerar partes perdidas do corpo, como a cauda e membros, ao longo do tempo.

Uso na Pesquisa Médica

O sangue dos Límulos é altamente valorizado na pesquisa médica devido às suas propriedades únicas. Ele contém uma substância chamada Limulina, que reage à presença de endotoxinas bacterianas, substâncias encontradas nas paredes celulares de bactérias gram-negativas. Essa capacidade de detectar endotoxinas torna o sangue de Límulo uma ferramenta útil na detecção de contaminação bacteriana em produtos médicos e farmacêuticos, como vacinas, medicamentos intravenosos e dispositivos médicos.

O teste de LAL (Limulus Amebocyte Lysate) é amplamente utilizado na indústria médica e farmacêutica para garantir a segurança e qualidade desses produtos e também para detectar diversas doenças bacterianas. O teste é baseado na capacidade do sangue de Límulo de coagular na presença de endotoxinas bacterianas, fornecendo uma detecção rápida e sensível de contaminação bacteriana.

Uma proteína do sangue do caranguejo-ferradura também está sendo investigada como um novo antibiótico. Além disso, os Límulos também são estudados por cientistas em diversas áreas, incluindo biologia do desenvolvimento, neurociência e biotecnologia, devido à sua longa história evolutiva e suas características únicas.

Por sua grande utilidade na pesquisa médica, o sangue azul do Límulo pode custar 15 mil dólares o litro!

Estado de Conservação

Desde o século XIX essas criaturas vêm enfrentando intensa exploração humana com capturas chegando a 5 milhões de indivíduos por ano. São capturados para servirem de isca natural bem como para a pesquisa médica. No entanto, a compreensão sobre sua importância para o ecossistema marinho levou a uma redução nas capturas ao longo do tempo. Em 2001, cotas de colheita por estado começaram a ser estabelecidas nos Estados Unidos para regular a exploração desse animal.

Embora os Límulos não estejam atualmente classificados como ameaçados de extinção, há preocupações sobre as práticas de coleta e uso de seu sangue na pesquisa médica. A coleta de sangue dos Límulos pode ser estressante e potencialmente prejudicial para esses animais, especialmente se não for realizada de forma ética e sustentável. Além disso, a perda de habitat devido à degradação costeira e à urbanização também representa uma ameaça para as populações de Límulos.

Recentemente, várias organizações têm apelado por uma proteção mais forte aos Límulos, devido ao declínio dramático de suas populações.  Embora algumas medidas de conservação tenham sido implementadas, como a proibição da colheita de fêmeas na Baía de Delaware durante a temporada de pesca de 2024, ainda há muito a ser feito para garantir a sobrevivência a longo prazo dessas criaturas pré-históricas.

O Límulo é um animal extraordinário que desempenha um papel vital nos ecossistemas marinhos. Sua história de convivência com os seres humanos testemunha uma mudança na percepção de sua importância e vulnerabilidade. Enquanto medidas de conservação estão em vigor, como as cotas de colheita e proibições sazonais, a pressão contínua da pesca e a perda de habitat representam desafios significativos para sua sobrevivência.

É essencial que esforços adicionais sejam feitos para proteger esses animais extraordinários e garantir que eles continuem a desempenhar seu papel nos ecossistemas marinhos para as gerações futuras.

Vídeos

Os vídeos abaixo dão outros detalhes sobre esse animal curioso, e mostram como é feita a extração do seu sangue azul.

Fontes:

  1. Ecori.org
  2. Wikipedia
  3. IUCN
  4. Natural History Museum

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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