A Crueldade por Trás do Comércio de Plumas e Penas no Carnaval


Enquanto o Carnaval desfila suas cores vibrantes e ritmos contagiantes, por trás das fantasias exuberantes de penas e plumas, uma realidade cruel se esconde. Gansos, faisões, pavões, patos e avestruzes têm suas penas arrancadas, submetendo esses seres vivos a uma dor insuportável e uma humilhação inimaginável.

O processo de retirada das penas muitas vezes envolve práticas desumanas, como amarrar as aves e arrancar as penas como se fossem zíperes. Esse procedimento, além de causar fraturas devido à luta das aves, é particularmente torturante para avestruzes, que suportam esse sofrimento por décadas. Essas aves, frequentemente criadas em países como África do Sul, China e Índia, tornam-se vítimas de uma indústria que alimenta a demanda do Brasil, um dos maiores importadores de penas e plumas do mundo.

Grupos Especiais de escolas de samba nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo consomem cerca de três toneladas desses materiais, transformando o Carnaval em um palco para a crueldade animal. O custo dessa beleza artificial é alto, não apenas monetariamente. Uma única pena de faisão pode ultrapassar R$100,00, mas o verdadeiro preço é pago pelos animais.

Cada escola do grupo especial usa, anualmente, entre 70 a 150 kg de penas, resultando no sofrimento de aproximadamente dois animais por quilo. Em números impactantes, estamos falando de até 6 mil aves sofrendo para satisfazer a estética do Carnaval.

Algumas escolas, no entanto, destacam-se ao rejeitar essa prática. A Águia de Ouro, por exemplo, conquistou o primeiro lugar no grupo de acesso do Carnaval paulistano em 2018, desfilando sem o uso de penas ou plumas. Esse exemplo demonstra que é possível brilhar no Carnaval sem submeter aves a esse cruel sofrimento.

Entre as fantasias glamorosas, surgem casos de crueldade inimaginável. A Rainha de Bateria da Império Serrano, em 2019, gastou 37 mil reais em uma fantasia de pomba da paz, justificando o valor com 500 penas de faisão albino. No mesmo ano, a Mocidade Alegre, ao abordar a Amazônia em seu tema, usou mil penas de faisão imperial.

Essas escolhas refletem uma falta de consciência sobre os perigos do Carnaval para os animais. É crucial ampliar a reflexão sobre essa prática cruel.

O processo de retirada das penas, geralmente sem anestesia, expõe as aves a dor intensa e os deixa vulneráveis a infecções. O faisão e o avestruz, as principais vítimas, sofrem desde tenra idade.

Para os próximos Carnavais, é necessário promover alternativas éticas. Com tantas opções tecnológicas e artificiais disponíveis, a beleza do Carnaval não precisa ser manchada pelo sofrimento animal. Conscientizar-se sobre as origens das penas e plumas é um passo vital para transformar o Carnaval em uma celebração genuinamente alegre, sem comprometer a vida e o bem-estar dos seres que compartilham nosso planeta. O glamour do Carnaval pode brilhar mais intensamente quando construído sobre a base do respeito e compaixão.

Você conhece alguma escola de samba que abandonou as penas e plumas de animais? Deixe seu comentário! boas ações precisam ser divulgadas.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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