Conheça as cobras que parecem, mas NÃO são venenosas


Entre as cobras que não possuem veneno, encontramos diversas espécies notáveis como a caninana, algumas falsas-corais, a jiboia, sucuri, cobra-cipó e muçurana. Alguns traços distintivos separam essas cobras das venenosas, sendo o principal deles, o fato das não venenosas não possuirem fossetas loreais – que são orifícios termosensores entre os olhos e as narinas – que os viperídeos da América possuem. A exceção para isso são as corais verdadeiras, que apesar de serem peçonhentas, tampouco possuem fossetas loreais.

Apesar de serem desprovidas de veneno, as picadas ou mordidas de cobras não venenosas podem resultar em dor, dormência, inchaço e outros sintomas, mas não possuem importância médica na imensa maioria dos casos. Mas algumas destas cobras são constritoras, capazes de matar suas presas por constrição. No caso de se enrolarem em torno de um ser humano, podem eventualmente causar a morte por asfixia.

Com a grande ajuda do biólogo e especialista no assunto Claudio Machado do @paopodecobra, neste conteúdo destacaremos as principais espécies de cobras não venenosas. É importante ressaltar que nossa intenção é puramente informativa e não temos a intenção de fornecer orientações sobre identificar cobras para fins letais, pois a manipulação ou morte de animais selvagens por indivíduos sem treinamento adequado é indevida e constitui crime ambiental. Reconhecemos a importância de todas as formas de vida na biodiversidade da Terra e enfatizamos a necessidade de respeito por elas.

Principais Espécies de Cobras Não Venenosas

Entre as cobras sem veneno, destacam-se as espécies:

Caninana (Spilotes pullatus)

Também conhecida como cobra-tigre, araboia e jacaninã. É reconhecida por ser uma das cobras mais ágeis e velozes do mundo, e ocorre em várias partes da América do Sul, América Central e México.

Seu comprimento pode atingir até 3 metros. Alimenta-se principalmente de pequenos roedores e aves, sendo capaz mesmo de predar animais maiores do que ela.

Em cada reprodução, a caninana produz cerca de 15 ovos que são postos bem enterrados e durante os períodos chuvosos.

Píton reticulada (Malayopython reticulatus)

Essa cobra constritora não venenosa é nativa do Sudeste da Ásia e de algumas ilhas do Pacífico. Pertencente à família das pítons, a píton reticulada pode alcançar até 10 ​​metros de comprimento.

Ela possui uma variedade de cores e formatos que a ajudam a se camuflar eficientemente. É uma excelente nadadora e sua alimentação consiste em mamíferos, aves e roedores. As fêmeas podem produzir de 15 a 80 ovos a cada ninhada, e os filhotes nascem após cerca de 88 dias.

Cobra muçurana (gêneros Clelia e Mussurana)

Também conhecida como cobra preta, cobra do bem ou limpa-campo, esta cobra habita as Américas Central e do Sul. Quando jovem, tem uma cor rósea que vai mudar para azulada ou negro-chumbo à medida que envelhece. Podem atingir até 2,4 metros de comprimento

Por ser ofiófaga, sua dieta é composta por cobras venenosas e não venenosas. A única toxina que pode ser letal para a muçurana é a da cobra-coral.

Cobra-do-milho (Pantherophis guttatus)

Esta serpente nativa dos Estados Unidos mede entre 1 e 1,8 metros de comprimento e é conhecida por ser calma e fácil de manusear. Em alguns estados a legislação permite que seja mantida em cativeiro e pode ser comercializada como animal de estimação, desde que seja comprada legalmente.

Em cativeiro, sua dieta é composta principalmente por camundongos, mas na natureza, ela caça roedores, lagartos, rãs e outras cobras.

Esta cobra possui cores vermelhas e alaranjadas com pequenas demarcações pretas. Apesar de ser pacífica, em situações de estresse, ela pode morder.

Cobra-lisa (Erythrolamprus miliaris)

Também chamada de cobra d’água, esta serpente não venenosa mede no máximo um metro de comprimento. Apresenta cores vibrantes de verde, preto e amarelo, adaptando-se bem a ambientes semiaquáticos, como rios e lagos, assim como terrestres, principalmente no cerrado e mata atlântica na América do Sul.

Sua dieta natural consiste em peixes e anfíbios encontrados em seu habitat. É ovípara e ativa tanto durante o dia quanto à noite.

Boipeva (Xenodon merremii)

Conhecida também como boipeba ou capitão-do-mato, esta serpente possui hábitos diurnos e terrestres. É encontrada em regiões tropicais da América do Sul, como o Brasil. E alimenta-se principalmente de anfíbios anuros.

Esta cobra possui a capacidade de achatar o seu corpo sobre o solo. Isso explica o porquê de seus outros nomes comuns: cobra-chata e achatadeira. Ela possui dentes aumentados no fundo da boca que usa para furar o pulmão dos anfíbios para facilitar a alimentação.  Também pode morder como forma de defesa. O seu revestimento é composto por escamas escuras cinzentas ou avermelhadas, com desenhos amarelados ou brancos. Seu comprimento varia entre 30 e 80 centímetros.

Cobra Real Californiana (Lampropeltis californiae)

Originária dos EUA, a cobra real californiana possui cores bem marcantes, com várias combinações de preto e branco, marrom e amarelo ou com uma única listra da cabeça à cauda. Ela pode atingir até 150 cm de comprimento. É comum essa cobra ser criada como animal de estimação nos EUA. Sua dieta consiste principalmente em camundongos.

Cobra Gopher (Pituophis catenifer)

Nativa da América do Norte, a cobra Gopher tem semelhanças em aparência com a cascavel, mas difere por não ser venenosa e não possuir fossetas loreais. Ela pode medir até 213 cm, tem cores amareladas ou marrons-claras. Sua defesa inclui postura de bote e abanar a cauda, ​​imitando a cascavel.

Cobra-de-Casa-Africana (Boaedon fuliginosus)

Pequena e com cores variadas que podem incluir tons de preto, vermelho, laranja e verde.

A fêmea é maior que o macho e pode atingir 120 cm quando adulta. Devido ao seu temperamento dócil e tímido, é comum criar a cobra-de-casa-africana como animal de estimação. No entanto, é preciso ter cuidado ao manuseá-la, pois com seus grandes dentes pode morder e causar dor. Na natureza, ela se alimenta de roedores, aves, lagartos, anfíbios e morcegos.

Píton Real (Python regius)

Nativa da África, é também conhecida por píton bola, é uma das menores pítons do mundo, podendo atingir cerca de 150 cm de comprimento. É uma cobra solitária que, para se defender, se enrola como uma bola, protegendo a cabeça, mas pode morder e causar dor. Por seu temperamento tímido, é comum ser criada como animal de estimação.

Cobra Real Mexicana (Lampropeltis mexicana)

Embora possa ser muitas vezes confundida com a cobra coral verdadeira (que é venenosa), a cobra real mexicana possui o temperamento tímido, por isso é, no exterior, frequentemente criada como animal de estimação.

A cobra real mexicana apresenta manchas vermelhas com bordas pretas em seu corpo e mede de 80 a 90 cm.

É uma cobra de atividade diurna e passa a maior parte do tempo escondida debaixo de de rochas, troncos e vegetação, mas também pode subir em árvores e nadar. Na natureza, ela alimenta-se principalmente de lagartos.

Cobra do Leite (Lampropeltis triangulum)

Devido ao padrão de cores que apresenta, a cobra do leite é considerada uma falsa coral. Pode ser encontrada na América do Norte, Canadá e norte da América do Sul. Esta cobra pode atingir, no máximo, 152 cm de comprimento e é inofensiva aos humanos. Pode ser vista em florestas ou campos abertos e tem atividade noturna. Quando adulta, alimenta-se principalmente de roedores. É comum nos EUA domesticar cobras desta espécie.

Falsa coral (Erythrolamprus aesculapii)

Essa falsa coral ocorre no Brasil e é uma cobra diurna que se assemelha à coral-verdadeira, porém difere por não possuir presas venenosas. No entanto, suas mordidas podem ser dolorosas.

A cobra da espécie Erythrolamprus aesculapii tem hábito diurno. Na fase jovem se alimenta principalmente de pequenos lagartos, e na fase adulta, de outras cobras.

Jiboia (Boa constrictor)

A jibóia é uma cobra constritora não venenosa que mata sua presa enrolando-se em seu corpo para sufocá-la. Ela vive tanto no Brasil quanto em outros países das América do Sul e Central.

Esta cobra pode chegar a medir cerca de 4 metros de comprimento e costuma ficar principalmente em árvores (hábito arborícola) e pelo chão, embora haja jiboias também com hábitos subaquáticos.

Sucuri (gênero Eunectes)

A sucuri, conhecida popularmente como anaconda, vive nas regiões amazônica, cerrado e pantanal do Brasil. Pertence ao gênero Eunectes, constituído de cobras constritoras que podem ser encontradas em diversos tamanhos.

Esta cobra gosta de ficar na água porque é onde se desloca melhor. Ela se alimenta de peixes, jacarés, rãs, lagartos e outros vertebrados. Outros nomes populares da sucuri são arigboia, sucuriú, boiaçu, boiguaçu e sucurujuba.

Cobra-cipó (gênero Chironius)

A cobra-cipó é chamada assim porque é muito fina, comprida e costuma viver a maior parte do tempo pendurada em arbustos e árvores.

Esta cobra pertence ao gênero Chironius e se camufla muito bem em galhos de árvores e entre folhas, pois possui principalmente tons de marrom, verde e amarelo. As cobras-cipó podem ser vistas nas regiões Sul, Sudeste e região Central do Brasil. Alimenta-se de lagartos, pássaros e pererecas.

Durante a fase de reprodução, a fêmea coloca cerca de 15 a 18 ovos por vez.

Cobra-papagaio (Corallus caninus)

Duas espécies de cobra-papagaio que pertencem à família Boidae e são chamadas também por araboia, píton-verde-da-árvore, periquitamboia, boa-arborícola-esmeralda e jiboia-verde.

Ela possui corpo brilhante com coloração verde, barras transversais branco-amareladas ou pretas e a região ventral amarela. Esta cobra pode alcançar em média 1,5 metros de comprimento e tem uma cabeça triangular.

Trata-se de uma cobra com hábitos noturnos e que se alimenta de anfíbios, répteis, aves de pequeno porte e insetos.

A fêmea desta espécie é vivípara, ou seja, seus ovos se desenvolvem dentro do útero da mãe.

Quando os filhotes nascem, possuem uma coloração avermelhada e, conforme vão crescendo, vão adquirindo as cores características das cobras-papagaios adultas.

Jararacuçu-do-Brejo (Palusophis bifossatus)

Conhecida também como cobra nova, essa espécie de cobra é encontrada nas regiões do Centro ao Sul do Brasil. Embora a jararacuçu-do-brejo não seja venenosa, ela é considerada agressiva.

Mede cerca de 1,8 metros de comprimento e tem uma coloração com misturas de tons de marrom claro e marrom escuro. A fêmea da espécie pode gerar de 8 a 12 ovos.

Esta espécie alimenta-se de anfíbios, aves, lagartos e roedores.

Como reconhecer se uma cobra é ou não venenosa

Aprenda a reconhecer se uma cobra é venenosa no vídeo abaixo:

Imagens de cobras não venenosas

Observe nas imagens abaixo as principais cobras não venenosas, com seus vários tamanhos, comportamentos peculiares e suas diversas cores.

Este vídeo do canal Luan Jefferson mostra mais cobras não venenosas e suas peculiaridades:

Orientações sobre as cobras não venenosas

É importante reforçar que mesmo as cobras não venenosas podem atacar e morder caso se sintam ameaçadas ou provocadas. É sempre recomendado manter uma distância segura ao encontrar qualquer tipo de cobra e evitar tocá-las. Caso encontre uma cobra em sua propriedade ou próximo a áreas urbanas, entre em contato com um profissional especializado em manejo de fauna para lidar com a situação. Em caso de acidente, procure imediatamente atendimento médico, mesmo que se trate de uma serpente não venenosa, porque complicações podem ocorrer, visto que a boca das cobras tem uma enorme quantidade de bactérias.

Não mate cobras, elas são muito importantes para o meio ambiente !!!!

Sobre o Papo de Cobra

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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